fonte: MedScape

“Quando ampliamos a rede privada com planos de saúde populares, estamos retirando recursos do SUS para investir no setor privado. Uma camada maior da população vai ter acesso aos planos privados, mas esse serviço vai continuar sem dar resposta a certas enfermidades”, afirma ela, apontando que é possível que a percepção dos usuários do SUS sobre o atendimento possa ser ainda mais prejudicada, pois aqueles que continuarem usando a rede pública experimentarão um SUS ainda com menos recursos. A pesquisadora entende que, em um país como o Brasil, onde já há um sistema de saúde público e universal, a forma mais indicada de ampliar acesso é aumentar o investimento financeiro na melhora e ampliação desse sistema.

“A expansão de planos de saúde mais acessíveis pode contribuir para ampliar o acesso aos serviços de saúde principalmente em locais onde não há um sistema público e universal, tal como nos EUA. No caso do Brasil, o melhor seria otimizar o SUS”, considera.

Problemas vão além das dificuldades financeiras

A necessidade de ampliar o investimento em saúde pública e melhorar a estrutura do SUS é, para a autora, uma questão urgente. Mas, a melhora da experiência do usuário com relação ao atendimento recebido também envolve outros aspectos.

“Tenho acompanhado debates que estão ocorrendo em Portugal, país que tem um dos melhores sistemas de saúde do mundo, e que também é público e universal. Nos últimos anos, com uma série de tentativas de privatizar o sistema, a percepção das pessoas foi piorando, embora a qualidade técnica tenha se mantido essencialmente igual”, considera, ressaltando que ainda não há evidências publicadas sobre essa mudança, mas ela tem sido apontada por diversos especialistas portugueses.

“Dessa forma, creio que melhorar a estrutura do SUS não vai levar necessariamente a uma melhora da experiência do usuário quanto à relação médico-paciente”, destaca.