fonte: AMB

Os problemas enfrentados pela população da Venezuela, em que 87% vive abaixo da linha da pobreza, num regime autoritário e ditatorial, com graves problemas sociais e econômicos, faz com que muitos busquem refúgio nos países vizinhos, como o Brasil. Isto ocorre principalmente em locais como Roraima, que apresentam as facilidades para cruzar a fronteira.

Humanitáriamente são recebidos e lotam cidades do estado em busca de alimentos, atendimento médico e uma nova vida.

Ao mesmo tempo surge uma série de dificuldades de gestão no estado e no país, em todas as áreas, inclusive na saúde, com excesso de necessidades de atendimento e o recrudescimento de doenças que não eram mais problemas no Brasil, como o sarampo.

A Associação Médica Brasileira acredita que esta é uma dificuldade de que deve ser enfrentada pelo Governo Federal, onde todos os recursos necessários devem ser disponibilizados para que haja o impedimento da entrada de doenças ao país, com ações de vacinação e o atendimento aos enfermos em solo brasileiro.

As barreiras sanitárias são necessárias para a triagem e direcionamento para o atendimento especializado, quando necessário.

Dentre estes imigrantes muitos se declaram médicos. A motivação de buscarem se estabelecer no Brasil, aliada regime autoritário do país de origem, dificulta a comprovação de suas credenciais, mesmo que o governo federal decida por contratação de médicos venezuelanos, em caráter emergencial, para atendimento aos seus compatriotas num primeiro momento, mesmo que dentro do Programa Mais Médicos, com suas regras próprias.

A responsabilidade pelo atendimento à saúde destes inesperados visitantes e refugiados, enquanto em solo brasileiro, é de nosso país. Não podemos colocar em risco esta população e a população do estado de Roraima. É necessário o deslocamento de médicos e outros profissionais da saúde brasileiros para este dramático momento, das forças armadas e de entidades do governo, em caráter emergencial, mas elaborando um plano para o atendimento que tende a aumentar a demanda enquanto perdurar o regime do país vizinho.

Improvisações na área da saúde estão se tornando regra em nosso País e não podem ser admitidas. Satisfação à população brasileira não pode ser dada com retóricas ou pirotecnias. Precisa ser dada com ações concretas, embasadas em práticas consagradas e assertivas, sem desrespeitar nossa constituição e focando sempre na real solução dos problemas.

Ratificamos a sempre ampla disponibilidade de contribuir na discussão sobre a saúde brasileira que a AMB tem, assim como suas Federadas e Sociedades de Especialidade. Soluções mal geradas e não debatidas com quem realmente está na linha de frente, junto dos cidadãos, tendem a ser desastrosas, quando muito, adiam a eclosão de problemas ainda maiores.