fonte: O Globo

Um a cada cinco brasileiros (19,8%) está obeso, mostra levantamento divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, que registra ainda um aumento de 67,8% na obesidade no país, de 2006 (11,8%) para o ano passado — entre 2015 e 2017, este número tinha ficado estável. Cuiabá e Manaus são as capitais com maior percentual de obesos em sua população (23%), seguidas pelo Rio (22,4%).

Os dados fazem parte da pesquisa “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico” (Vigitel) e mostram ainda que as capitais mais “magras” são São Luís (15,7%), Curitiba (16%) e Palmas (16,3%).

— As pessoas continuam achando que obesidade não é uma doença, que a pessoa come muito porque quer. Mas é preciso entender que existe uma série de fatores hormonais que levam a pessoa a sentir mais vontade de comer, por exemplo. Além disso, é o primeiro passo para uma série de doenças, não só as metabólicas, como o diabetes, mas as do coração, aumento do colesterol, piora da asma e da qualidade do sono. O problema é que hoje tratamos as

consequências (as doenças derivadas) e não a causa, que éa obesidade—alerta Mario Carra, do Departamento de Obesidade de Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, para quem a rede básica de saúde deveria incluir protocolos de controle da obesidade, como a medição de altura e peso em todas as consultas nas unidades de atendimento à famílias.

Além da obesidade, a pesquisaaborda também o excesso de peso, outro problema que vem crescendo eque já atinge mais da metade da população (55,7%) brasileira. Para saber se tem sobrepeso ou a obesidade, o indivíduo precisa calcular o índice de massa corporal (IMC), obtido ao dividir o peso (em quilos) pelo quadrado da altura (em metros). Se o resultado for igual ou acima de 25, tratase de excesso de peso. Igual ou acima de 30 já é obesidade.

—Apesar de reconhecido, o I MC nãoéa única medida. Pessoas que têm braços e pernas finos, mas apresentam a “barriguinha de cerveja”, mesmo que tenha IMC baixo, precisam de tratamento. O acúmulo de gordura no abdômen éo principal fatord eris copara as doenças relacionadas à obesidade —diz Carra.

Feito por telefone entre fevereiro e dezembro do ano passado com 52.395 brasileiros com mais de 18 anos nas 27 capitais, o Vigitel também mapeou outros hábitos relacionados à saúde.

Um deles é que aumentou em 15,5% a quantidade dos entrevistados que comem a quantidade certa de frutas e vegetais (cinco ou mais dias por semana): eram 20% em 2008, que passaram a 23,1% no ano passado. Outro dado é o número de fumantes, que caiu 40,7%, de 15,7% (em 2006) para 9,3% (em 2018).

Sobre o consumo abusivo de álcool (ingestão de quatro ou mais doses para mulheres ou cinco ou mais doses para homens, em uma mesma ocasião), houve um aumento de 14,7% em relação a 2006 e, de cada nove

mulheres brasileiras , uma fez consumo abusivo do álcool . Entre os homens, o índice é até maior: um de cada quatro. Mas foi entre elas que houve um crescimento acentuado (42,9%) de 2007 para 2018.