Rio de Janeiro, 3 de fevereiro de 2021

NOTA OFICIAL: LIVRE ESCOLHA DE PROFISSIONAIS PARA COMPOR AS EQUIPES DE CIRURGIA PEDIÁTRICA

Em 27 de janeiro de 2021 a AMIL, operadora de saúde suplementar, enviou um comunicado aos médicos credenciados anunciando que a partir do dia 30 de janeiro não fará mais o reembolso do serviço prestado por anestesistas, exceto quando a livre escolha do anestesista for parte do plano contratado pelo usuário. Neste caso, o beneficiário do plano de saúde terá de arcar com o custo do serviço, exceto se o profissional anestesiologista fizer parte de uma lista de DEZ empresas credenciadas pela AMIL.

O trabalho dos cirurgiões depende de uma equipe. A interação entre equipe cirúrgica, equipe anestésica e equipe de enfermagem é fundamental para garantir o fluxo ideal e a segurança máxima dos procedimentos com riscos mínimos e o menor tempo possível sob anestesia geral. A relação entre cirurgião e anestesista é de extrema confiança e suas atuações são complementares. A estratégia de anestesia é planejada caso a caso conforme as características do paciente, sua doença em curso e o planejamento metodológico e técnico do cirurgião. No caso da Cirurgia Pediátrica, a experiência prévia do profissional de anestesia com pacientes pediátricos e doenças congênitas é fundamental. A faixa etária da criança a ser atendida influi nos riscos e metodologias a serem usadas e é necessária uma ampla interação de profissionais de toda a equipe com a família. Operar uma criança é uma enorme responsabilidade e um evento com alto nível de estresse familiar. Muitos dos anestesistas com os quais nossos associados trabalham fazem parte de suas equipes há muitos anos e as equipes habitualmente se intercomunicam frequentemente para que estes detalhes sejam conhecidos e todas as atitudes clínicas sejam ideais, inclusive minimizando o estresse familiar com uma boa relação médicos-paciente-família. Para a família a coesão da equipe, a segurança e o hábito no trato com crianças são fatores de tranquilidade.

Medicina é um trabalho ao mesmo tempo altamente técnico e artesanal. Depende dos aspectos relacionais e individuais dos profissionais e de cada paciente. É ciência e precisa de cumprir pressupostos exatos para uma função perfeita. É arte e muitas vezes a atuação de uma equipe cirúrgico-anestésica é um ballet perfeito em que todos interagem ao cumprir suas funções. O produto final (a cura do paciente com o máximo de segurança e um mínimo de risco) não pode ser estimado apenas a partir de planilhas de custo e produtividade. Tratamos de pessoas, e de pessoas doentes. O melhor possível é o mínimo de que precisamos.

A atitude da AMIL sugere que a empresa considera questões econômicas e produtivistas à frente do bem-estar e segurança dos seus beneficiários, isso sem citar que aparentemente os colaboradores da empresa (médicos e demais operadores de saúde) são considerados como meros instrumentos, peças substituíveis. Fordismo não combina com Medicina.

Não há aqui qualquer pré-julgamento quanto à competência dos colegas anestesistas que fazem parte das empresas listadas pela AMIL, evidentemente. Esperamos que a empresa reveja sua posição e permita que as equipes de médicos cirurgiões e anestesistas possam interagir da forma ideal, tendo em vista a segurança dos pacientes e o reconhecimento da Medicina como uma atividade que aceita uma enorme responsabilidade, portanto depende de ter autonomia de escolha.

DIRETORIA DA ASSOCIAÇÃO DE CIRURGIA PEDIÁTRICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO