Em
25 de outubro, médicos de todo o país
protestarão contra as más condições
de assistência e a baixa remuneração
dos profissionais oferecidas no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS). A mobilização
nacional em defesa da rede pública quer chamar
a atenção da sociedade e dos tomadores
de decisão para a crise instalada na assistência
em saúde na rede pública. O clima de
insatisfação é grande. Em alguns
estados – como Minas Gerais, Pará e Pernambuco
– há, inclusive, indicativo de suspensão
dos atendimentos – por 24 horas - na data do
protesto.
“Precisamos deixar bem claro
aos cidadãos que mais uma vez tomamos a defesa
do Sistema Único de Saúde. São
necessárias mudanças importantes para
qualificá-lo. É fundamental ter mais
verbas para o setor, remuneração digna
para os recursos humanos, entre os quais os médicos,
e condições adequadas a uma assistência
digna para os pacientes. No dia 25, portanto, faremos
uma grande corrente em todo o Brasil não somente
para apontar os problemas da rede pública,
mas para contribuir com propostas de soluções”,
afirma o presidente eleito da Associação
Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso.
“Com a mobilização
queremos chamar a atenção das autoridades
para a necessidade de mais recursos para a saúde,
melhor remuneração para os profissionais
e melhor assistência à população”,
corrobora o presidente do Conselho Federal de Medicina,
Roberto Luiz d’Avila.
O presidente da Federação
Nacional dos Médicos (Fenam), Cid Carvalhaes,
diz que o objetivo é chamar a atenção
de todos os cidadãos brasileiros para alguns
fatos que não são mostrados como as
péssimas condições de trabalho,
falta de planejamento na área de recursos humanos
e os salários aviltantes pagos nos serviços
de saúde pública.
"É uma situação
caótica e complexa, por isso estamos fazendo
essa mobilização de alerta às
autoridades e de informação à
população, para que o Congresso Nacional,
a presidente da República, o ministro da Saúde,
os governadores, prefeitos e secretários estaduais
e municipais tenham consciência de que é
preciso melhorar a saúde pública e os
médicos são parceiros relevantes nesse
contexto", ressalta o dirigente.
A mobilização está
sendo discutida pelas lideranças médicas
nos Estados, que poderão - a partir do posicionamento
da categoria localmente - adotar a paralisação
por 24 horas ou optar por outras formas de protesto.
De qualquer modo, a Coordenação
Nacional do movimento – que conta com representantes
do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Associação
Médica Brasileira (AMB) e da Federação
Nacional dos Médicos (Fenam) – ressalta
que todo esforço tem sido tomado para não
causar transtornos aos cidadãos.
Apenas os atendimentos eletivos (consultas,
exames, cirurgias e outros procedimentos agendados)
serão suspensos, nos estados que optarem pela
interrupção do atendimento a planos.
O protesto não atingirá os setores de
urgência e emergência dos prontos-socorros,
hospitais e ambulatórios.
O CFM já orientou aos CRMs
que alertem aos gestores públicos de saúde
(secretários e diretores técnicos e
clínicos) sobre a mobilização
para que se evitem agendamentos para o dia 25 de outubro
e se garanta uma nova data em caso de suspensão
de atividades.
O protesto dos médicos tem
forte valor simbólico para a área da
saúde. Ele acontece no mês em que o SUS
comemora 23 anos e às vésperas da 14ª
Conferência Nacional de Saúde, prevista
para acontecer entre 14 e 18 de novembro, em Brasília,
quando milhares de representantes da sociedade discutiram
propostas para o setor.
Um ponto importante nesse processo
e que contribuirá para o sucesso do protesto
dos médicos é o apoio declarado dos
prestadores de serviços hospitalares. A Confederação
das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais
e Entidades Filantrópicas (CMB) declarou, em
assembleia geral, apoio à mobilização
dos médicos. “Peço [...] apoio
necessário ao movimento, considerando as particularidades
de sua região, para que sejam alcançadas
repercussão positiva nas negociações
e na qualidade de atendimento no SUS”, afirmou
o presidente da CMB, José Reinaldo Nogueira
de Oliveira Junior, em documento enviado às
entidades médicas.
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