Ao
fazer o balanço de 2011, o presidente da FenaSaúde,
Marcio Coriolano, classifica o ano como espetacular
para o setor de saúde suplementar, estimando
o faturamento em R$ 89 bilhões, alta de 12,5%.
“O setor foi muito beneficiado pelo aumento
de empregos com carteira assinada. Paralelamente ao
crescimento, estamos conseguindo mudanças regulatórias
importantes para dar sustentabilidade ao avanço
do setor˜, diz. Para 2012, controlar a inflação
nos custos de saúde é o maior desafio.
Qual o balanço da
FenaSaúde de 2011?
As operadoras da FenaSaúde
apresentaram um crescimento bastante significativo
ao longo de 2011. Dados da ANS mostram que, até
o terceiro trimestre de 2011, as receitas das operadoras
da FenaSaúde cresceram 16,2% em comparação
com o mesmo periìodo de 2010.
Em termos de receita, quais
os números?
Até o terceiro trimestre,
as receitas das empresas da FenaSaúde alcançaram
R$ 23,6 bilhões, enquanto o mercado de saúde
suplementar atingiu R$ 61,1 bilhões neste mesmo
período. A Fenasaúde alcançou,
portanto, 40,5% de market share no período.
Cabe registrar que o crescimento médio anual
das receitas registrado de 2002 a 2010 do segmento
médico-hospitalar foi de 14,3%. Em 2010, o
mercado de saúde suplementar cresceu 13,4%.
Em 2009, período de
redução do crescimento da economia,
o setor de saúde suplementar cresceu 8,8%.
E em número de beneficiários?
O número de beneficiários
de planos médicos atingiu em junho de 2011
a marca de 46,6 milhões, uma taxa de penetração
de 24,2%.
E o odontológico,
repetiu em 2011 o bom desempenho de 2010?
No mesmo período, o crescimento
das receitas do segmento odontológico foi de
18,9%, e o número de beneficiários chegou
a 15,6 milhões, uma taxa de penetração
de 8%.
Quais foram os principais
desafios e conquistas do segmento de saúde
suplementar em 2011?
Este foi o ano em que grande parte
da agenda regulatória apresentada pela ANS
em 2010 foi implementada em atos normativos diversos
após serem objeto de consultas públicas
e câmaras técnicas. Os nove eixos de
regulação da ANS tiveram sua regulamentação
iniciada e as operadoras precisaram se preparar para
os impactos em seus modelos de negócios em
2011 mas cujos efeitos devem permanecer em 2012.
O que são esses nove
eixos?
Um novo modelo de financiamento,
assistência ao idoso, interação
com o SUS, garantia de acesso e qualidade assistencial,
modelo de pagamento aos prestadores, assistência
farmacêutica, acesso à informações.
Quais mudanças o senhor
citaria?
Em 2011, foi atualizado o rol de
procedimentos obrigatórios a serem cobertos
pelas operadoras. Nesta atualização,
foram incluídos 60 novos procedimentos, que
vigem a partir de janeiro de 2012. Também em
2011 foram ampliadas as regras para portabilidade
de carência, definidos prazos máximos
para atendimento por parte das operadoras, definidas
novas regras para a migração e a adaptação
de contratos, e, mais recentemente, regulamentados
os artigos 30 e 31 da Lei 9.656/1998, que estipulam
os direitos de aposentados e demitidos na saúde
suplementar.
Tais mudanças ajudaram
a melhorar a imagem do setor, não acha?
Realmente tivemos uma melhoria da
pontuação das operadoras no índice
de desempenho em saúde suplementar, índice
este calculado e divulgado pela ANS, além do
crescimento do número de beneficiários
que contribui de forma fundamental para a maior diluição
dos riscos. Por fim, uma conquista importante do setor
foi a norma recentemente editada que flexibiliza exigências
diversas para as pequenas e médias operadoras.
E os desafios?
O grande desafio nos mercados de
saúde suplementar, tanto nacional quanto internacional,
continua sendo a questão do financiamento da
atividade que possui custos crescentes em todo o mundo
em razão da incorporação acrítica
de tecnologias e o aumento da demanda por serviços
de saúde. Cada vez mais a solução
passa pelo incentivo para que os beneficiários
adotem hábitos saudáveis e as operadoras
passam a ter um papel cada vez mais importante para
estimular a mudança de hábitos mediante
programas de promoção à saúde
e prevenção de doenças. O envelhecimento
populacional já demonstra impactos relevantes
para o financiamento dos sistemas de saúde
no mundo e no Brasil não é diferente.
O equacionamento desses desafios passa necessariamente
pela maior responsabilização do indiviìduo
pela sua saúde.
Qual será o impacto
da atual crise financeira na Europa nas empresas do
segmento?
Caso a crise se intensifique em 2012,
certamente trará impactos negativos para a
economia brasileira, tendo em vista que o setor é
pró-cíclico, elástico a emprego
e renda. Por outro lado, em 2012 a economia deve começar
desaquecida, mas aos poucos deve retomar o ritmo de
crescimento em razão dos recentes incentivos
governamentais e da queda dos juros.
A Fenasaúde está
muito animada com as pequenas e medias empresas, não?
O setor de serviços permanece
dinâmico e alimenta a demanda das pequenas e
médias empresas pelo benefício saúde,
que tem aumentado, inclusive na esteira das classes
D e E. A mobilidade social vivenciada nos últimos
anos no Brasil traz otimismo para o setor. Lembramos
que mais de 7,5 milhões de famílias
ingressaram na classe C, entre 2003 e 2009. Nas classes
C, D e E são 43 milhões de famílias
que abrigam mais de 130 milhões de brasileiros.
Adicionalmente, ressalta-se que o potencial de consumo
das classes C, D e E é de cerca de mais de
R$ 260 bilhões e a posse de bens duraìveis,
como máquina de lavar, fogão, TV e telefone,
cresceu sete pontos percentuais nos últimos
anos.
Quais são as perspectivas
para 2012?
Assim como em 2011, as perspectivas
continuam sendo bastante positivas para o mercado
de planos de saúde empresariais para pequenas
e médias empresas, assim como o dos planos
odontológicos, que crescem a uma taxa média
de 20% em termos de beneficiários ao ano há
dez anos. Ambos os produtos, Saúde e Dental,
permanecerão na pauta de benefícios
das empresas ao tempo em que produtos para pequenas
e médias empresas devem continuar a crescer
na esteira do setor de serviços. Outro mercado
que deve crescer é o seguro saúde por
adesão de associações de caráter
profissional.
Quais as principais metas
da Federação para o desenvolvimento
do segmento em 2012?
A FenaSaúde continuará
defendendo a estabilidade da regulação,
a segurança jurídica, a liberdade de
mercado, a qualificação de suas operadoras
associadas e a busca pela melhoria constante da qualidade
dos serviços prestados na saúde suplementar.
A FenaSaúde intensificará seu trabalho
pela disseminação de informações
relevantes para os formadores de opinião, mostrando
com base objetiva os benefícios produzidos
pela saúde suplementar no Brasil. Adicionalmente,
as empresas associadas à FenaSaúde buscarão
expandir seus programas de prevenção
e promoção, discutir com a sociedade
uma melhor equação para autorização
de reajustes dos planos individuais, além de
buscar viabilizar o produto VGBL Saúde. |