O projeto foi desenvolvido por pesquisadores
da Universidade de Heidelberg, no sudoeste da Alemanha,
e do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer,
na mesma cidade. Por enquanto, o procedimento foi
testado para cirurgia de retirada de pedra no rim
em cinco pacientes, para analisar se a técnica
era exequível.
Antes do procedimento, o paciente faz uma tomografia
com eletrodos, usados como assistentes de navegação.
Na cirurgia, esses marcadores são colados na
pele na mesma posição do exame.
O iPad então captura as imagens dos eletrodos
e as transmite para um servidor, que faz a sobreposição
das imagens em tempo real da cirurgia e as da tomografia
computadorizada.
O software cria as imagens em realidade aumentada
e as envia para a tela do iPad. É como se o
médico tivesse uma visão geral de vários
órgãos.
A vantagem da novidade é a melhor visualização
do local da punção no rim e dos órgãos
próximos. Hoje, a visualização
é feita por contraste e imagens radiológicas
ou de ultrassonografia.
Ter uma visão precisa de todos os órgãos
é importante porque, durante a cirurgia renal,
há o risco de atingir a pleura (membrana que
envolve o coração e o pulmão)
e o cólon, diz Antonio Correa Lopes Neto, urologista
do HCor (Hospital do Coração) e da Faculdade
de Medicina do ABC. Ele afirma que existem também
relatos de lesões no fígado, no baço
e no duodeno.
"A técnica atual é padronizada,
eficiente e segura. Mas um avanço na visualização
da cirurgia melhoraria a segurança do procedimento."
Robôs também já foram desenvolvidos
com esse propósito. Mas, segundo os pesquisadores,
seu preço pode ser um empecilho.
PERSPECTIVA
Michael Müller, pesquisador
do Departamento de Informática Médica
e Biológica e um dos responsáveis por
desenvolver a técnica, diz acreditar que em
dois anos o projeto seja lançado comercialmente,
e os tablets poderão invadir as salas cirúrgicas.
Ele afirma, porém, que ainda faltam estudos
para comparar a novidade com a cirurgia tradicional.
Segundo Lopes Neto, estudos como esse são muito
iniciais, mas abrem a perspectiva de que, num futuro
próximo, seja possível aumentar a segurança
do procedimento e expandir a utilidade médica
dos tablets.
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