Criticado
pelos médicos, o hábito de buscar informações
sobre doenças no Google é tido como
"fonte de preocupações desnecessárias",
por causa do número de páginas que fornecem
informações incompletas ou sem contexto
sobre sintomas e procedimentos. Mas nesse caso, os
resultados de uma busca no Google salvaram a vida
do bebê.
Lucy e Stuart Hay ouviram dos médicos
que seu filho Thomas, que ainda estava no útero,
teria menos de 5% de chance de sobreviver ao parto
por causa de uma hérnia hiafragmática
congênita - um "buraco" que se forma
no diafragma e faz com que órgãos do
abdômen como o intestino e o estômago
se desloquem para o tórax.
A malformação ocorre em 1 a cada 3.000
gestações aproximadamente e impede o
desenvolvimento dos pulmões, fazendo com que
o bebê, na maioria das vezes, morra durante
o parto.
Usando o Google, os pais de Thomas descobriram um
procedimento chamado Oclusão Traqueal Fetoscópica,
desenvolvido recentemente. Somente um cirurgião
do King's College Hospital, em Londres, realizava
o procedimento em toda a Grã-Bretanha.
A cirurgia consiste em inserir um minúsculo
balão na traqueia do bebê, impedindo
a saída normal do líquido pulmonar.
Dessa maneira o fluido se acumula nos pulmões,
que são forçados a crescer.
Por causa da operação, o bebê
conseguiu se desenvolver normalmente e agora, com
um ano de idade, surpreende os médicos pela
recuperação total.
RISCOS
Os pais descobriram a doença
de Thomas durante um ultrassom de rotina aos cinco
meses de gravidez, em abril de 2011.
"A técnica estava quieta e muito concentrada
na região do peito do bebê. Meu medo
se confirmou quando ela disse que o estômago
e o fígado de Thomas estavam dentro de sua
cavidade peitoral e que ele tinha um buraco no diafragma",
disse Lucy.
O casal ouviu que o bebê tinha cerca de 50%
de chances de sobreviver e que tinha as opções
de interromper a gravidez ou aguardar até o
nascimento, assumindo os riscos.
"Passamos horas pesquisando online e encontramos
esta cirurgia intrauterina que ainda estava sendo
testada pelos médicos. Não sabíamos
muito sobre ela, mas nos arrependeríamos se
não tentássemos."
"Nossa consultora nunca tinha mencionado a cirurgia.
Ela entendeu quando dissemos que queríamos
tentar, mas não recomendou, por causa dos riscos
envolvidos", relembrou a mãe.
Na primeira consulta com a equipe do King's College
Hospital, no entanto, o casal descobriu que o tamanho
relativo do pulmão de Thomas tinha diminuído
tanto que suas chances de sobreviver eram inferiores
a 5%.
"Eles não conheciam nenhum bebê
que tivesse sobrevivido com tantos problemas sem realizar
o procedimento", afirmou Lucy.
TRATAMENTO LONGO
A cirurgia laparoscópica no
bebê durou 20 minutos. Através de uma
incisão na barriga da mãe, que atravessou
o útero e a placenta, uma câmera foi
colocada na traqueia do bebê, pela boca. Depois,
o balão foi inserido e inflado nos pulmões.
Lucy Hay permaneceu no hospital até o nascimento
de Thomas, de parto normal, em agosto de 2011. Logo
em seguida, o menino passou por uma nova cirurgia
para retirar seu estômago, fígado e intestino
da caixa torácica e corrigir a malformação
no diafragma.
Somente em outubro, dois meses depois do parto, Lucy
e Stuart puderam levar seu filho para casa pela primeira
vez.
Mesmo assim, ele passou por meses de tratamentos contra
infecções pulmonares e dificuldades
respiratórias. Somente agora, com um ano de
idade, Thomas parece completamente recuperado.
"É muito bom quando temos uma situação
em que se acredita que o bebê não vai
conseguir sobreviver ao nascimento e ele consegue",
disse o cirurgião Kypros Nicolaides, que realizou
o procedimento.
"É maravilhoso para Thomas e seus pais,
mas também é gratificante para os que
ajudaram isso a acontecer."
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