A pesquisa
APM-Datafolha foi realizada para conhecer a opinião
dos usuários de planos ou seguros de saúde
do Estado de São Paulo, investigando a utilização
dos serviços e os principais conflitos e deficiências
percebidas. A amostragem tem como base 804 entrevistas,
distribuídas por todo o estado, com uma população
de 18 anos ou mais, possuidora de plano ou seguro
saúde, que utilizou algum serviço nos
últimos 24 meses. Retrata um universo de 10
milhões de pacientes da saúde suplementar.
É importante lembrar que a
Resolução nº 259 da Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS), publicada
este ano, estabelece prazos máximos para todos
os tipos de atendimento. Mesmo após a suspensão
da venda de planos de algumas empresas por não
cumprirem esta exigência, o cenário parece
não ter mudado. Ao contrário, se agrava
a cada dia.
Principais resultados
Entre os usuários que utilizaram
os serviços de planos de saúde nos últimos
dois anos, 77% tiveram algum problema (praticamente
8 em cada 10);
O índice de usuários
com problemas foi de 64% para consultas; 40% em exames
diagnósticos, e, o que é gravíssimo,
72% em pronto-socorro, quando a pessoa mais necessita
de agilidade e resolubilidade. Pronto-socorro, 67%
dos pacientes reclamam de superlotação,
51% da demora para atendimento.
No caso das consultas, as principais
queixas também são de demora para marcação,
de médico que saiu do plano e demora para autorização;
Os usuários também
reclamam da falta de opções, ocasionada
pela insuficiência das redes credenciadas. Apontam
problemas como a saída de médicos dos
planos (30%), falta de médicos nas especialidades
(20%), poucas opções de hospitais (30%)
e de laboratórios (24%);
No pronto-socorro, a situação
é ainda mais alarmante. Dois terços
dos pacientes que precisaram do serviço relataram
que o local de espera estava lotado;
São casos de risco ou dor
em que os usuários se deparam com tamanha dificuldade.
As principais queixas referem-se a demora para realização
de exames (12%), locais inadequados para medicação
(12%) e até mesmo negativa de atendimento (5%)
e demora ou negativa na transferência para leito
hospitalar (4%);
Sobre os médicos e prestadores
de serviço, a percepção de 66%
dos usuários é de que os planos colocam
restrições em diversas etapas para realização
de exames de maior custo e, para (53%), de que os
planos restringem o tempo de internação
hospitalar ou UTI;
O alto grau de conscientização
dos pacientes também foi notado em relação
aos obstáculos enfrentados pelos médicos.
A maior parte (60%) acredita que os planos pagam aos
profissionais um valor muito baixo por consultas ou
procedimentos e 53% concordam que as operadoras pressionam
os médicos para reduzir o tempo de internação
hospitalar ou UTI;
Indignadas, 100 mil pessoas já
entraram na Justiça contra planos de saúde
e 14% da mostra, equivalente a 1,4 milhão,
conhecem alguém que também buscou a
mesma via. Nesta linha, 76% têm a imagem de
que os planos de saúde são objeto de
muitas reclamações nos órgãos
de defesa do consumidor.
Interferências de planos
de saúde prejudica pacientes
Em todo o Brasil, as pressões
dos planos de saúde sobre os médicos
são enormes, conforme aponta pesquisa Datafolha
divulgada em 2010, encomendada pela Associação
Paulista de Medicina (APM) e pela Associação
Médica Brasileira (AMB), com o apoio do Conselho
Federal de Medicina (CFM). A maioria absoluta dos
profissionais brasileiros denuncia interferências
das empresas para reduzir solicitação
de exames, para reduzir internações,
além de inúmeros outros ataques ao livre
exercício da medicina.
O levantamento tem o intuito de
conhecer a opinião dos médicos do Brasil
sobre a atuação das empresas de saúde
suplementar. Foram entrevistados profissionais cadastrados
no CFM, que atendam a planos ou seguros de saúde
particulares e tenham trabalhado com, no mínimo,
três planos ou seguros saúde atualmente
e/ou nos últimos cinco anos. Foram realizadas
2.184 entrevistas finais, contemplando os 26 estados
brasileiros e o Distrito Federal, entre os dias 23
de junho e 24 de agosto de 2010.
Principais resultados:
O médico que trabalha com
planos ou seguros de saúde atribui, em média,
nota 5 para as operadoras, em escala de zero a dez.
Ressalta-se que 5% dos médicos deram nota zero
para os planos ou seguros saúde brasileiros
e apenas 1% atribuiu notas 9 ou 10*.
92% dos médicos brasileiros
que atendem planos ou seguros saúde afirmam
que sofreram pressão ou ocorreu interferência
das operadoras na autonomia técnica do médico*.
Entre as interferências no
trabalho médico, glosar procedimentos ou medidas
terapêuticas e impor a redução
de número de exames ou procedimentos são
as práticas mais comuns das operadoras (veja
quadro abaixo).
Mais da metade dos hospitais (54,9%)
afirma que os planos de saúde determinam a
transferência de pacientes para hospitais próprios
das operadoras.
Mais da metade dos hospitais (51%)
afirma que os planos de saúde demoram na liberação
de guias de autorização para internação,
cirurgia e exames, o que prejudica pacientes e médicos.
Fonte: APM/Datafolha –
Pesquisa Nacional
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