Entre
adultos, a frequência da cirurgia no SUS cresceu
43% entre 2009 e 2011, segundo o Ministério
da Saúde.
E vai crescer mais, dizem especialistas,
após o governo ter retirado do mercado, em
dezembro, uma fatia grande dos inibidores de apetites.
O ministério usa dados de um estudo feito há
três anos pela pasta e pelo IBGE para justificar
sua preocupação. Entre 2008 e 2009,
21,7% dos jovens entre dez e 19 anos estavam acima
do peso.
"Estudos mostram que fazer a intervenção
cirúrgica em adolescentes que tenham indicação
e já tenham buscado outros mecanismos --sobretudo
atividade física e mudanças de hábito
alimentar-- pode ajudar a reduzir complicações
como hipertensão e diabetes", diz o ministro
Alexandre Padilha (Saúde).
Segundo ele, no caso dos adolescentes, a indicação
da cirurgia deve estar reforçada pela avaliação
da equipe multiprofissional --não ficando,
assim, só baseada no IMC.
Haverá ainda outras mudanças
nessas cirurgias. Segundo o ministro, o SUS passa
a custear uma técnica mais recente --a gastroplastia
vertical em manga-- em substituição
a outra praticada.
A cirurgia reparadora feita depois, para retirar o
excesso de pele, passará a incluir a parte
posterior do corpo (e não mais só a
frontal), diz ele.
O governo também vai tornar obrigatória,
no pré-operatório, a realização
de cinco exames, como o ultrassom de abdômen
total --já praticados na rede privada e em
hospitais públicos de referência.
O ministério vai discutir um reajuste de 20%
no valor pago pela cirurgia e pelos exames pré-operatórios
e a fixação de uma remuneração
para estimular a formação de equipes
multiprofissionais.
Com isso, espera-se reduzir as filas de espera. As
mudanças devem passar a valer no início
de 2013.
De acordo com Bruno Geloneze, coordenador do Laboratório
de Investigação em Metabolismo e Diabetes
da Unicamp, a cirurgia a partir dos 16 anos é
possível com "restrições
ao quadrado".
O médico alerta para a necessidade do acompanhamento
do jovem por uma equipe com endocrinologista. Essas
equipes, afirma, que nem sempre existem no SUS, podem
selecionar os casos a serem levados à cirurgia.
O presidente da Sociedade de Cirurgia Bariátrica
e Metabólica, Ricardo Cohen, acha positiva
a redução da faixa etária, mas
aponta as longas filas já existentes no SUS
como um limitador. "Eles não conseguem,
hoje, atender a demanda do adulto."
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