A falta de estrutura e os constantes problemas,
como a insalubridade e a superlotação
do local – um contêiner que acolhe a
emergência de forma provisória há
um ano e oito meses -, levou o corpo clínico
a tomar tal medida. “A população
deve ser amparada por um sistema de saúde
de qualidade”, ressaltou Márcia Rosa
de Araujo, presidente do CREMERJ.
Após a fiscalização no último
dia 10, o CREMERJ deu prazo de dez dias para que
o Hospital Federal de Bonsucesso desativasse o atendimento
da emergência em contêiner. As obras
da emergência, que deveriam ser finalizadas
em quatro meses, estão paradas. O Conselho
o entregou relatório com as dificuldades
enfrentadas, tanto pelos médicos como pela
população, ao Ministério Público
Federal. A diretoria do CREMERJ, inclusive, reuniu-se
na última quinta-feira, 25, com as três
esferas de governo: Secretarias Estadual e Municipal
de Saúde e Núcleo Estadual do Ministério
da Saúde no Rio de Janeiro (Nerj), que assumiram
o compromisso de regular os pacientes da emergência
do Hospital de Bonsucesso para outros hospitais
federais, com monitoração do acolhimento
por classificação de risco.
O Hospital Federal de Bonsucesso é referência
para a Zona Norte da cidade e 40% do seu atendimento
são referentes a pacientes da Baixada Fluminense.
A capacidade da emergência é de 35
leitos, porém, continua superlotada recebendo
mais que o dobro desse número.
O diretor do corpo clínico do hospital,
Baltazar Fernandes, coordenou a assembleia em que
os médicos optaram pelo fechamento da emergência.
Durante a reunião estiveram presentes a presidente
do CREMERJ, Márcia Rosa de Araujo, e os conselheiros
Sidnei Ferreira e Armindo Fernando da Costa. Márcia
Rosa disse que esteve no Ministério Público
Federal, onde o procurador esclareceu que há
uma ação civil pública cobrando
melhorias da emergência, alocada no contêiner,
e está no aguardo de uma liminar para que
a obra do prédio da emergência seja
retomada.
“Nos dez dias úteis que se seguiram
à visita do CREMERJ à emergência
do HGB, onde foram constatadas situações
que, além de ferir o ato médico, ferem
a dignidade humana, o Conselho questionou e pressionou
as instâncias superiores a solucionarem o
problema”, corroborou Márcia Rosa.
O corpo clínico demonstrou indignação
com as circunstâncias angustiantes que são
enfrentadas no dia a dia de todo o hospital, como
a falta de recursos humanos, a ausência de
materiais e a dificuldade na regulação
dos pacientes.