E,
dentro deste “guarda-chuva”, estão
aplicações como Prontuário Eletrônico
do Paciente (PEP), sistemas de gestão hospitalar,
sistemas de telemonitoramento remoto (TeleHealth),
ou mesmo soluções como o registro nacional
de saúde são alvo de quase todas as
nações que estão conseguindo
ganhos de gestão e redução de
custeio em seu “ecossistema assistencial”,
segundo o consultor internacional em estratégias
de utilização das Tecnologias de Informação
e Comunicação em Saúde (eHealth)
Guilherme S. Hummel.
Para se ter ideia do tamanho desse mercado, um estudo
realizado pela consultoria Frost & Sullivan estima
que em 2015 a indústria de tecnologia em saúde
movimentará US$ 121 bilhões na América
Latina e, segundo a consultoria Scientia Advisors,
o segmento de TI em saúde deve crescer 11%
ao ano até 2013, em paralelo a um movimento
de cerca de US$ 1 trilhão da saúde de
modo geral.
Telehomecare
Na opinião do presidente
da empresa de medicina domiciliar Pronep, Josier Vilar,
o monitoramento remoto (home care) é uma alternativa
bem sucedida ao modelo hospitalocêntrico brasileiro.
“ É um erro o hospital ser a porta de
entrada do sistema. Não há recurso para
dar suporte a esta estrutura. A atenção
em domicílio, utilizando os recursos possíveis
e existentes, é o que deve ser feito”,
afirmou Vilar em painel sobre e-health, realizado
durante a 19ª edição da Feira Hospitalar.
Para um atendimento de telehomecare
padrão é preciso profissionais especializados
no modelo de atendimento – um dos maiores desafios
do mercado, segundo gestores – boa conectividade
entre o paciente e a equipe terapêutica via
internet ou linhas telefônicas, além
do auxílio de dispositivos móveis que
medem as funções fisiológicas
dos pacientes – bem como aparelhos que facilitam
a troca de informações entre os profissionais
como tablets e smartphones.
O telehomecare desempenha um papel
importante no cuidado de doentes crônicos e
deficientes físicos. Dentre os benefícios
listados por líderes de empresas de home care
estão: diminuição de visitas
domiciliares pela equipe terapêutica, menor
tempo para avaliar um paciente, evitar refazer trabalhos,
maior conforto ao paciente, redução
de custos, entre outros.
De acordo com a presidente da Dal
Ben Home Care, Luiza Dal Ben, a avaliação
da família e do respectivo domicílio,
levando em consideração aspectos como
saneamento, ventilação, luz, telefone,
acesso, entre outros, é fundamental para o
início da assistência. “Se os requisitos
não atenderem os padrões básicos,
nós não atendemos”, afirma de
forma categórica Luiza.
A conscientização
do paciente em relação ao serviço
é de extrema relevância. “O paciente
precisa entender a importância de passar as
informações à equipe”.
Por isso, tal necessidade exige um preparo específico
para que a equipe de home care, de característica
multidisciplinar, consiga estabelecer essa relação
de confiança. “Sofremos de um apagão
profissional nesta área, pois a formação
do Brasil é voltada para o hospital”,
alerta.
Visão do Hospital
Além de beneficiar pacientes
e empresas de home care, as vantagens na adoção
desse tipo de tecnologia avançam porta adentro
nos hospitais. O presidente do Hospital Israelita
Albert Einstein, Claudio Lottenberg, defende o uso
da tecnologia em prol do aumento da qualidade assistencial
e desempenhos nos processos das organizações
de saúde. Para ele, alternativas tecnológicas
estão surgindo em paralelo às mudanças
no perfil epidemiológico da população
– com o crescimento dos crônicos e envelhecimento
da população que -, automaticamente,
elevam o custo da seguridade social- e a telehealth,
“sem dúvida alguma”, é uma
das possibilidades.
Os gestores de saúde apontam mudanças
nos processos de aquisição e destino
da tecnologia, levando, dessa forma, o atendimento
para ambientes domésticos ou outros locais
com possibilidade de integração tecnológica
como, por exemplo, clínicas e casas de repouso.
Com base nessa análise, e já imaginando
que este cenário iria mudar, o Hospital Albert
Einstein vem trabalhando com o modelo de assistência
domiciliar como uma ferramenta estratégica
dentro do contexto da desospitalização.
“Há dez anos, o tempo médio de
internação era de aproximadamente 5,7
dias e, hoje, cerca de 60% dos pacientes com características
hospitalares permanecem menos de cinco horas no Einstein.
Para isso, as equipes devem estar preparadas com as
ferramentas adequadas para utilizar isso dentro dos
princípios de segurança”, assinala
Lottenberg.
Telemedicina
Recentes publicações mostraram que os
quatro mais importantes avanços que a sociedade
contemplou, nos últimos anos, foram: a banda
larga, telefonia celular, o PC (computador pessoal)
e o código genético. “Com o uso
da telemedicina, vamos conseguir avançar e
fazer algo contributivo para nossa sociedade. O único
desses avanços que ainda não está
integrado é o código genético,
uma vez que os outros já caminharam no sentido
da convergência tecnológica”, acrescenta
o presidente do Einstein.
A telemedicina teve seu ponto de partida nas primeiras
viagens e ações no espaço para
o monitoramento médico de astronautas. Cinquenta
anos depois, com o aprimoramento dos sistemas de telecomunicações
de banda larga de baixo custo, essa tecnologia propicia
a médicos e pacientes maior interação,
facilitando o atendimento ao paciente crônico,
por exemplo, que não precisará sair
de sua casa.
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