No
domingo à noite, o atendimento da emergência
estava sendo realizado por apenas uma médica.
Em razão da demora, ao longo do plantão
ela foi ameaçada por vários pacientes
e acompanhantes.
De acordo com o secretário
de Atenção à Saúde, Helvécio
Magalhães, o ministério reconhece que
o país inteiro enfrenta problemas relacionados
aos recursos humanos, entretanto, ele afirmou que
não haverá concursos públicos
para a contratação de estatutários.
"Estamos conversando com o Ministério
do Planejamento para resolvermos isso através
de contratações pela Empresa Brasileira
de Serviços Hospitalaras (Ebserh)."
O CREMERJ já havia visitado
a unidade e informado às autoridades sobre
os problemas, que vêm aumentando ao longo do
tempo. O principal deles é a falta de médicos,
agravada pelas aposentadorias e pedidos de transferências.
Por essas razões, leitos estão sendo
fechados.
"A equipe do Cardoso Fontes
é extremamente qualificada. Um exemplo disso
é que durante a epidemia de dengue em 2008,
os médicos do CTI pediátrico mudaram
o protocolo de atendimento estabelecido pelo Ministério
da Saúde e tiveram sucesso. E já naquela
época o corpo clínico alertava sobre
as aposentadorias", ressaltou a conselheira Erika
Reis.
Localizado em Jacarepaguá,
um dos bairros mais populosos da capital fluminense,
com cerca de 160 mil habitantes, o Cardoso Fontes
é referência de atendimento ambulatorial
e de emergência para a população
da região da Zona Oeste do Rio de Janeiro,
que compreende 3 milhões de pessoas.
Durante a reunião, membros
da comissão de ética e do corpo clínico
expuseram as deficiências dos recursos humanos
também nas especialidades e entregaram um relatório
aos representantes do MS.
"Outra questão grave
é que não há atendimento de neurocirurgia
desde a Barra até Jacarepaguá, ou seja,
em bairros com tráfego intenso e pistas de
alta velocidade. Se atentarmos para a chegada de grandes
eventos como a Jornada Mundial da Juventude, no ano
que vem, e da Copa, em 2014, que vão reunir
milhares de pessoas, inclusive circulando na região,
isso é ainda mais preocupante", alertou
o conselheiro Pablo Vazquez aos representantes do
MS.
A unidade também sofre com
a falta de materiais e insumos básicos para
o atendimento. O contrato de locação
de equipamentos para procedimentos diagnósticos,
como endoscopia, e de tratamento cirúrgico,
como para a videolaparoscopia, foi rompido.
Além disso, obras necessárias
ao funcionamento adequado do hospital foram suspensas,
sem previsão de serem retomadas.
Os médicos também informaram
que o novo sistema de informática não
atende às necessidades para o atendimento,
o que gera retrabalho e atrasos, visto que eles precisam
utilizar também o antigo.
Os representantes do MS também
se comprometeram a contratar leitos de retaguarda
e a articular com o Estado e o município melhorias
nos sistemas de regulação.
"Este é um hospital estratégico
e não pode ser negligenciado desta forma",
disse a deputada federal Jandira Feghali, que tem
buscado articulações e negociações
com as autoridades federais para os problemas da saúde
pública no Rio de Janeiro.
O CREMERJ vai acompanhar atentamente
os compromissos firmados pelo Ministério da
Saúde.
Também participaram da reunião
o conselheiro Armindo Fernando da Costa e o coordenador
assistencial e o assessor do Departamento de Gestão
Hospitalar do MS, Luiz Carlos Studart e Luiz Roberto
Tenório, respectivamente. |