De
acordo com a presidente do Cremerj, Márcia
Rosa de Araujo, o próprio corpo clínico
do Hospital Carmela Dutra relatou o baixo número
de profissionais, o que pode inviabilizar o atendimento
ao público. A maternidade tem atualmente apenas
dez anestesistas para atender a uma média de
500 partos por mês, além de atendimentos
a pacientes graves e cirurgias eletivas na unidade
neonatal.
A médica diz que a situação
das maternidades públicas na cidade é
crítica. “Está acontecendo tanta
coisa ao mesmo tempo que está terrível.
A Maternidade Rocha Faria [da rede estadual, em Campo
Grande, na zona oeste] está superlotada, a
Leila Diniz [municipal, na Barra da Tijuca, também
zona oeste] também, naquela área de
Jacarepaguá falta leito de maternidade e de
CTI [Centro de Terapia Intensiva] neonatal. A gente
espera que essas maternidades sejam reabertas e os
anestesistas repostos”.
A médica lamenta também
o fechamento do Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth,
que foi referência na cidade. Na terça-feira
(5), a prefeitura do Rio anunciou que o Hospital Maternidade
Oswaldo Nazareth, na Praça VX, centro do Rio,
será fechado amanhã porque a unidade
"necessita de reformas estruturais e arquitetônicas
hospitalares sistêmicas e profundas", segundo
informou a Secretaria de Saúde.
“Você tem menos uma maternidade
no Rio, já estávamos com problema, pacientes
sentadas em cadeiras, tanto no Leila Diniz, quanto
no Rocha Faria, agora vamos perder a maternidade da
Praça XV, onde tem residência médica,
hospitais como o da Lagoa, que não tem obstetrícia,
mandam os residentes para fazer treinamento em obstetrícia
lá. Um hospital que é preparado para
parto de alto risco deve fechar amanhã”.
De acordo com a presidente do Cremerj,
a abertura da Maternidade Maria Amélia Buarque
de Hollanda, em maio do ano passado, não é
o suficiente para a atender à demanda da cidade.
“Ela não faz parto cesáreo,
por exemplo, que a maioria dos pacientes de alto risco
tem que fazer. Lá eles só estimulam
parto via baixa. Uma maternidade feita não
vai substituir duas, vai? Fecharam a Praça
XV, não repõem os anestesistas no Carmela,
você acha que isso tudo vai ser substituído
por um puxadinho lá no Hospital Souza Aguiar?
[A Maternidade Maria Amélia] é um prediozinho
no Souza Aguiar. Não dá vazão
para a quantidade de pacientes que precisam do SUS
[Sistema Único de Saúde]. Fundamentalmente
é um descaso com a mulher e com a criança,
viola os direitos da mulher e da criança”.
A Secretaria Municipal de Saúde
e Defesa Civil (SMSDC) informa que a substituição
dos anestesistas da Maternidade Carmela Dutra está
sendo providenciada e que, com a abertura da Maternidade
Maria Amélia Buarque de Hollanda e a criação
do Programa Cegonha Carioca, “a rede de assistência
materno-infantil chegou a níveis que atendem
plenamente a necessidade do município”. |