A unidade
era referência em partos de alto risco e de
gravidez na adolescência e foi fechada sob a
justificativa da "necessidade de reformas estruturais
e arquitetônicas, hospitalares sistêmicas
e profundas", segundo informou, enigmática,
a Secretaria Municipal de Saúde. Na mensagem
ao Legislativo, o prefeito Eduardo Paes ainda exaltou
o programa 'Cegonha Carioca', que doa enxovais para
as gestantes que fazem todo o pré-natal na
rede pública. Segundo Bethlen, o fechamento
pode ser definitivo, mas não há prejuízos
no atendimento:
"A rede está suportando
porque nós abrimos uma outra maternidade no
Centro ainda maior. A Maternidade da Praça
XV não foi fechada de supetão, isso
já era previsto há muito tempo e estava
dentro do planejamento", afirma o secretário,
dando a entender que a unidade não será
reativada.
Crítico da gestão do
secretário de Saúde, Hans Dohmann, o
vereador Paulo Pinheiro (PSOL) foi à tribuna
logo após a saída de Bethlen e questionou
o fechamento da maternidade. Para ele, a atitude foi
uma "irresponsabilidade", tomada com o objetivo
de beneficiar a Organização Social (OS)
que comanda a maternidade Maria Amélia Buarque
de Holanda, no Centro, para onde os atendimentos foram
remanejados:
"Hoje eu estive na maternidade.
Uma grávida de 39 semanas apareceu lá
para fazer a última ultrassonografia antes
do parto, pois não sabia do fechamento. É
uma insegurança completa. Na porta, há
uma ambulância sem médico, algo que o
Ministério Público (MP) e os conselhos
profissionais têm que avaliar. Se uma gestante
chegar em trabalho de parto ou em situação
grave, vai ter que ser removida rapidamente sem um
profissional adequado. Vamos recorrer ao MP, mostrando
a decisão deles de arquivar um processo com
a promessa do secretário municipal de Saúde,
que foi mentiroso", questiona o parlamentar.
A vereadora Teresa Bergher (PSDB)
também criticou o encerramento das atividades
na maternidade, definida por ela como "tradicional":
"Era uma maternidade muito procurada,
até por sua localização privilegiada.
Foi uma decisão que só podemos lamentar,
mas vamos continuar cobrando mais maternidades, porque
nossa cidade carece de maternidades. Objeticamente,
ninguém tem a informação do porquê
a prefeitura decidiu fechá-la. Vamos cobrar
a razão, que é muito vaga. Se havia
problemas estruturais, as pessoas que usavam a maternidade
estavam correndo algum tipo de risco?", argumentou
a tucana.
A base aliada, no entanto, reagiu
rapidamente . O primeiro a se manifestar foi o vereador
Tio Carlos (DEM), presidente da Comissão de
Direitos da Criança e do Adolescente, que deu
seu voto de confiança à Dohmann:
"Vamos buscar o porquê
do fechamento, mas posso garantir que as maternidades
do Rio, hoje, funcionam", proclamou.
Outra a refutar as críticas
foi Laura Carneiro (PTB), que pregou o diálogo
com a SMS:
"Talvez uma audiência
com o secretário Hans Dohmann esclareça
a questão", disse, esperançosa. |