— Tomei a decisão de fechar a emergência
porque não estou conseguindo completar a
equipe. Um médico do instituto ganha um terço
ou até um quarto do que ganharia no mercado.
Além disso, o vínculo de trabalho
é precário. O profissional fica sem
carteira assinada e outros direitos trabalhistas
e, por isso, acaba desistindo — explica Migowski.
HÁ RECURSOS PARA COMPRAS
Quanto ao problema de mater ial, Migowski diz que
a instituição até tem recursos
para comprar o que precisa. Ele explica por que
não consegue realizar as compras: —
Mudou muito o sistema de compras.
Não podemos mais aderir a uma outra licitação
federal em andamento, que é o que fazíamos
para pegar carona num procedimento de outra instituição,
agilizando a compra, mas sem desrespeitar o ritual
administrativo. Além disso, não tenho
gente suficiente para cuidar dos trâmites
das licitações. Há também
os casos em que a empresa que ganha a licitação
não entrega o material e não temos
o que fazer.
O diretor da unidade de saúde diz ainda
que poderia fazer compras em regime emergencial,
mas afirma que isso também pode ocasionar
problemas. — Para comprar emergencialmente,
tenho que colocar o meu CPF no processo e respondo
pessoalmente pelas compras, podendo ser acusado
de negligência ou incompetência —
acrescenta. — Mas liguei para o reitor e também
enviei uma carta expondo a situação.
Ele foi solidário e disse que vai compor
uma força-tarefa para que a reitoria me ajude
no setor de compras. Além disso, em curto
prazo, será avaliado um reajuste salarial
para os nossos médicos. Eles, na verdade,
trabalham por amor. O IPPMG é um lugar onde
o profissional aprende muito, ganha muita experiência.
O prazer de trabalhar é tão grande
que eles aceitam ganhar menos. Mas tudo tem limite.
O IPPMG atende casos pediátricos graves
e o fechamento da emergência implica num grupo
grande de crianças sem assistência.
A unidade é bem aparelhada, contando com
equipamentos que nem instituições
particulares oferecem, segundo o diretor.
Por meio de nota, o reitor da UFRJ, Carlos Levi,
declarou que a universidade dará apoio à
direção do hospital pediátrico
para que ele promova as ações necessárias.
De acordo com Levi, a emergência será
reaberta o mais breve possível.
— Já nesta segunda-feira (hoje), a
reitoria e a direção do instituto
vão organizar uma força-tarefa para
dar suporte ao setor de compras do hospital que,
por vários motivos, teve perdas de pessoas
especializadas. Alguns servidores de outras unidades
da UFRJ serão apresentados à direção
do IPPMG para que a unidade possa reforçar
a estrutura — afirma o reitor da universidade,
acrescentando que o hospital tem a previsão
de receber oito enfermeiros para pediatria, sete
novos médicos para a UTI e dois novos profissionais
para a emergência.