Mais
uma criança que precisa de um transplante de
fígado para sobreviver está internada
no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) sem previsão
de cirurgia. Kyara Ferreira Gonçalves, 1 ano
e 3 meses, que sofre de atresia das vias biliares,
seria operada ontem. O doador do transplante, de tipo
intervivos, seria o pai da menina, Antônio Carlos,
23. Mas a cirurgia foi desmarcada. O motivo, dessa
vez, seria falta de remédios para o pós-operatório.
A mãe da menina, Kelen Ferreira, 22, conta
que essa é a segunda vez que o transplante
é cancelado. Na primeira, em abril, o problema
alegado pelo hospital era a falta de anestesistas.
Como O DIA começou a denunciar em fevereiro,
a falta destes especialistas fez com que o serviço
de transplantes de fígado do HFB fosse paralisado.
Em 20 de abril, o Ministério da Saúde
anunciou que este problema havia sido resolvido.
TRANSTORNO
“A Kyara tem essa doença desde os 17
dias de vida, só o transplante pode ajudá-la.
O pai fez todos os exames e marcaram a cirurgia para
abril. Mas cancelaram e me pediram para ter calma”,
relatou Kelen, que mora em Macaé e é
mãe de outra menina, de 4 anos, que ficou na
cidade enquanto ela passou a morar com Kyara no hospital.
“Em julho, remarcaram para hoje (ontem). Meu
marido saiu de Macaé, deixou nossa outra filha
lá e veio. Mas quando chegou, terça,
cancelaram de novo porque não tem remédio.
Como terei calma vendo minha filha fraca, correndo
risco de morrer?”
Funcionários ajudam com vaquinhas
Segundo Kelen, os médicos não especificaram
que medicamento estaria em falta na unidade. Mas não
seria a única carência. “Já
tive de comprar outros remédios e fraldas que
não havia no estoque, muitas mães também.
Funcionários do hospital já fizeram
até vaquinha para comprar uma pomada que a
Kyara precisava e não tinha”, contou.
Em nota, o Ministério da Saúde negou
que tivesse marcado o transplante de abril, pois “o
doador só ficou apto para a cirurgia na primeira
semana de agosto”. A operação
de ontem, ainda segundo alegação do
ministério, foi cancelada “por indicação
médica”, pois “o ideal é
que a criança esteja perfeitamente nutrida
para diminuir os riscos”. A nota admite, porém,
que Kyara engordou 2 kg nas últimas duas semanas.
O órgão não deu nova data para
a cirurgia. Em relação aos medicamentos,
diz apenas que “não está faltando
nenhum insumo”.
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