No
documento, as entidades cobram o aumento dos investimentos
na área da saúde e a qualificação
do setor no país. Dados da Organização
Mundial de Saúde (OMS) mostram que Governos
de países com economias mais frágeis
investem mais que o Brasil na assistência. Na
Argentina, o percentual de aplicação
fica em 66%. No Brasil, esbarra em 47%. Além
disso, há denúncias de que o recurso
orçado não é devidamente aplicado.
"O apelo desesperado das ruas
é por mais investimentos do Estado em saúde.
É assim o Brasil terá a saúde
e os "hospitais padrão Fifa", exigidos
pela população, e não com a importação
de médicos",afirmam as entidades. De forma
conjunta, a Associação Médica
Brasileira (AMB), a Associação Nacional
dos Médicos Resisdentes (ANMR), o Conselho
Federal de Medicina (CFM), a Federação
Nacional dos Médicos (Fenam) prometem usar
todos os mecanismos possíveis para barrar a
decisão, inclusive na Justiça.
Confira a íntegra do documento:
Carta aberta aos médicos e
à população brasileira
A SAÚDE PÚBLICA
E A VERGONHA NACIONAL
Há alguns anos, a presidente
Dilma Rousseff foi vítima de grave problema
de saúde. O tratamento aconteceu em centros
de excelência do país e sob a supervisão
de homens e mulheres capacitados em escolas médicas
brasileiras. O povo quer acesso ao mesmo e não
quer ser tratado como cidadão de segunda categoria,
tratado por médicos com formação
duvidosa e em instalações precárias.
Por isso, a Associação
Médica Brasileira (AMB), a Associação
Nacional dos Médicos Resisdentes (ANMR), o
Conselho Federal de Medicina (CFM), a Federação
Nacional dos Médicos (Fenam) manifestam publicamente
seu repúdio e extrema preocupação
com o anúncio de "trazer de imediato milhares
de médicos do exterior", feito nesta sexta-feira
(21), durante pronunciamento em cadeia de rádio
e TV.
O caminho trilhado é de alto
risco e simboliza uma vergonha nacional. Ele expõe
a população, sobretudo a parcela mais
vulnerável e carente, à ação
de pessoas cujos conhecimentos e competências
não foram devidamente comprovados. Além
disso, tem valor inócuo, paliativo, populista
e esconde os reais problemas que afetam o Sistema
Único de Saúde (SUS).
Será que os "médicos
importados"- sem qualquer critério de
avaliação ou com diplomas validados
com regras duvidosas - compensarão a falta
de leitos, de medicamentos, as ambulâncias paradas
por falta de combustível, as infiltrações
nas paredes e as goteiras nos hospitais? Onde estão
as medidas para dotar os serviços de infraestrutura
e de recursos humanos valorizados? Qual o destino
dos R$ 17 bilhões do orçamento do Governo
Federal para a saúde que não foram aplicados
como deveriam, em 2012? Porque vetaram artigos da
Emenda Constitucional 29, que se tivesse colocada
em prática teria permitido uma revolução
na saúde?
Os protestos não pedem "médicos
estrangeiros", mas um SUS público, integral,
gratuito, de qualidade e acessível a todos.
É preciso reconhecer que é a falta de
investimentos e a gestão incompetente desse
sistema que afastam os médicos brasileiros
do interior e da rede pública, agravando o
caos na assistência.
Segundo dados da Organização Mundial
de Saúde (OMS), os Governos de países
com economias mais frágeis investem mais que
o Brasil no setor. Na Argentina, o percentual de aplicação
fica em 66%. No Brasil, esbarra em 47%. O apelo desesperado
das ruas é por mais investimentos do Estado
em saúde. É assim que o Brasil terá
a saúde e os "hospitais padrão
Fifa", exigidos pela população,
e não com a "importação
de médicos".
A AMB, o CFM e a Fenam -assim como
outras entidades e instituições, os
400 mil médicos brasileiros e a população
conscientes da fragilidade da proposta de "importação"
- não admitirão que se coloque em risco
o futuro de um modelo enraizado na nossa Constituição
e a vida de nossos cidadãos. Para tanto, tomarão
tomas as medidas possíveis, inclusive jurídicas,
para assegurar o Estado Democrático de Direito
no país, com base na dignidade humana.
ASSOCIAÇÃO MÉDICA
BRASILEIRA (AMB)
ASSOCIAÇÃO NACIONAL
DOS MÉDICOS RESIDENTES (ANMR)
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
(CFM)
FEDERAÇÃO NACIONAL
DOS MÉDICOS (FENAM)
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