O grupo,
que se concentrou na Cinelândia – em frente
à Câmara Municipal –, seguiu em
passeata até o Ministério da Saúde,
na Rua México. Em seguida, caminharam até
a Assembleia Legislativa, onde ocuparam a escadaria
num ato público.
Com cartazes e faixas, os manifestantes
cantaram o Hino Nacional e declararam palavras de
ordem, como “Ei, Padilha, vem se tratar no SUS”,
“Chega de privatização”,
“Ebserh, não!” e “Mais vagas
para a residência médica”. O movimento
também criticou a privatização
da saúde, por meio da Saúde Brasil –
braço da Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (Ebserh) – para gerir os hospitais
e institutos federais.
“Nossa manifestação
está sendo um sucesso, porque foi aderida pelos
colegas e por toda a população. Dizem
que os médicos não querem ir para o
interior, mas, na verdade, ao chegar lá, os
colegas ficam reféns dos prefeitos, recebendo
salários que oscilam frequentemente e com condições
precárias para trabalhar em função
da falta de infraestrutura. Por isso, defendemos a
carreira de Estado e um maior investimento para a
saúde”, declarou a presidente do CREMERJ,
Márcia Rosa de Araujo.
A categoria reivindicou ainda a realização
de concursos públicos com salários dignos,
planos de carreira e a sanção presidencial,
sem vetos, do projeto de lei 268/2002, conhecido como
“Lei do Ato Médico”, que regulamenta
o exercício da medicina no Brasil. O texto
foi aprovado, recentemente, pelo Senado Federal, passando
nas comissões de ensino, assuntos sociais e
de constituição da Justiça por
unanimidade.
O movimento também denunciou
a situação crítica da residência
médica, que está ameaçada, pois
ainda não há previsão de concurso
para o próximo ano. O Ministério da
Saúde, por sua vez, não se pronuncia
oficialmente sobre o assunto.
“Se não tiver concurso
público e preceptoria, a residência médica
do Rio de Janeiro vai parar”, afirmou a presidente
da Associação Nacional dos Médicos
Residentes (ANMR), Beatriz da Costa.
A privatização da saúde,
por meio de OSs, Oscips, Ebserh e outras, foi muito
criticada durante a manifestação. O
grupo também exigiu maior investimento financeiro
do governo para a saúde, como a implantação
da proposta de 10% da receita bruta da União
direcionada ao setor. Para isso, o objetivo é
coletar 1,5 milhão de assinaturas para que
um projeto de lei de iniciativa popular possa ser
criado. Até o momento, cerca de 1,3 milhão
de pessoas já assinaram.
Em todo país, foram realizadas
mobilizações nesta quarta-feira. No
Rio de Janeiro, o ato público foi organizado
pelo CREMERJ, Associação Médica
Brasileira (AMB), Sindicato dos Médicos do
Rio de Janeiro (Sinmed-RJ), Associação
dos Médicos Residentes do Estado do Rio de
Janeiro (Amererj), demais entidades médicas
regionais, médicos e acadêmicos, inclusive
os participantes de redes sociais.
“As recentes manifestações
populares apontaram para que se tenha mais saúde
e educação. Estamos aqui para mostrar
os pleitos da categoria. Infelizmente, as medidas
anunciadas recentemente pelo governo são inócuas
e paliativas, pois não oferecem soluções
de longo prazo”, concluiu o vice-presidente
do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio
Tibiriçá. |