As
lideranças médicas nacionais comemoraram
a repercussão das manifestações,
a adesão dos profissionais e o apoio de pacientes
aos atos. O movimento organizado nos estados pelas
entidades médicas regionais, contou o apoio
da Associação Médica Brasileira,
Conselho Federal de Medicina, Associação
Nacional dos Médicos Residentes (ANMR) e Federação
Nacional dos Médicos. A ação
foi convocada após um encontro de líderes
das quatro organizações, realizado em
São Paulo.
O presidente da AMB, Florentino Cardoso,
que acompanhou a passeata em São Paulo, acredita
que, por meio das mobilizações, os médicos
revelaram o caos e as verdades da saúde pública
no Brasil. “Os médicos não suportam
mais atender as pessoas com paredes caindo, com posto
sem água. Vamos aproveitar este momento histórico
para reconstruir o País. Nós estamos
pautados no sentido de mostrar à população
que o caos instaurado não é por falta
de médicos”, disse.
“Conseguimos mostrar ao Governo e à população
que estamos abertos ao diálogo sobre os rumos
do Sistema Único de Saúde (SUS) e também
de prontidão para atender ao chamado para trabalhar
no interior, desde que sejam oferecidas as condições
adequadas para o exercício da Medicina”,
avaliou o presidente do Conselho Federal de Medicina
(CFM), Roberto D'Ávila.
Para o presidente da Fenam, Geraldo Ferreira Filho,
as mobilizações representaram ainda
mais. "A força da mobilização
mostrou com clareza o repúdio dos médicos
brasileiros à condução desastrosa
da saúde pelo Governo Federal, mas também
nas esferas estadual e municipal. Sinalizaram praticamente
um rompimento com as políticas do ministro
Padilha, que teve enterro simbólico em boa
parte das manifestações”, afirmou.
Reivindicações – Dentre as principais
reivindicações das entidades médicas
está a criação de Carreira de
Estado para médicos (semelhante ao que ocorre
no Judiciário), visando a interiorização
de profissionais. Para as lideranças médicas,
este é o único caminho para estimular
a interiorização da assistência
com a ida e fixação de médicos
em áreas de difícil provimento.
Os médicos também exigem que a entrada
dos médicos estrangeiros ocorra em conformidade
com a exigência legal, por meio de um processo
de revalidação de diplomas sério
e criterioso, como o Exame Nacional de Revalidação
do Diploma de Medicina Expedidos no Exterior, o Revalida.
Criado em 2010 por meio de portaria conjunta entre
os ministérios da Saúde e Educação,
o exame é considerado um pré-requisito
mínimo para o exercício da Medicina
no Brasil. Por meio de testes práticos e teóricos,
o Revalida prova as habilidades do profissional formado
no exterior e garante, assim, maior segurança
à população.
Outro ponto de reivindicação é
a aplicação mínima de investimentos
de 10% da receita bruta da União em saúde.
Com estes recursos, segundo os médicos, será
possível reformar postos e hospitais, comprar
equipamentos, financiar programas de prevenção
e oferecer novas tecnologias de diagnostico e tratamento.
Durante as manifestações, a categoria
também exigiu da presidente Dilma Rousseff
a sanção do projeto que regulamenta
a Medicina e se manifestou pela derrubada do Decreto
Presidencial que modificou a Comissão Nacional
de Residência Médica. “A grande
quantidade de médicos residentes nas mobilizações
mostrou a insatisfação geral com a atual
configuração da residência médica
no Brasil. Queremos de volta uma Comissão representativa
e não refém dos interesses do Governo,
que sucateou a formação de médicos
especialistas no país”, declarou a presidente
ANMR.
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