Criticado desde antes de o Mais Médicos
ser anunciado por completo, o ministério
também usa a campanha para conquistar a população
que precisa de atendimento, mas desconhece a ação
do governo. A análise é que, apesar
da contrariedade da classe médica, a maioria
da população é simpática
à ideia, que ganhará apoio com divulgação.
De acordo com uma nota do ministério enviada
ao Estado, a razão principal é atrair
candidatos às vagas e aos municípios
que precisam de médicos.
“A execução do programa depende
da adesão de municípios, que apontarão
a demanda de unidades de saúde que não
contam com profissionais, e de médicos, que
receberão bolsa federal de R$ 10 mil para
atuar nos municípios do interior e nas periferias
das grandes cidades”, diz o texto. A nota
explica que a campanha é para atingir esses
públicos e tem os mesmos moldes e o mesmo
custo da que divulgou o Programa de Valorização
da Atenção Básica (Provab),
proposta anterior de atração de médicos
para o interior.
O programa enfrenta enorme resistência da
classe médica, contrária especialmente
à contratação de estrangeiros,
possibilidade aberta pelo governo caso as vagas
não sejam preenchidas por brasileiros. Apesar
de o Brasil ter apenas 1,8 médico para cada
mil habitantes, entidades alegam que o País
importará pessoas mal formadas quando o maior
problema da saúde é a falta de infraestrutura.
Na sexta-feira, o Conselho Federal de Medicina,
a Federação Nacional dos Médicos,
a Associação Médica Brasileira
e a Associação Nacional de Médicos
Residentes anunciaram, em protesto, que deixarão
ao menos 11 comissões do ministério.