A opinião do presidente do órgão,
que disciplina o exercício da medicina no
país, contraria a expectativa da gestão
Dilma Rousseff. Ao lado dos espanhóis, médicos
portugueses eram o principal alvo do governo brasileiro
para preencher parte das 15.460 vagas abertas pelos
municípios inscritos no programa.
Os estrangeiros têm até o dia 8 para
enviar toda a documentação. Mas, de
acordo com Silva, não há interesse
dos portugueses.
Segundo a Folha apurou nos consulados, só
44 médicos do país se inscreveram.
José Cesário, secretário de
Estado das Comunidades Portuguesas, também
acha que o interesse dos portugueses pelo Mais Médicos
é baixo.
"Se os médicos portugueses não
querem ir para o interior de Portugal, não
vejo por que ir para a favela da Rocinha ou São
Bernardo do Campo", disse.
Para o presidente da Ordem dos Médicos,
as condições do programa "assustaram
os candidatos" e "cabem em uma mão"
os interessados em ir para o Brasil.
"Se eles podem ganhar 5.000 euros [cerca de
R$ 15 mil] na Inglaterra, Alemanha, Noruega ou Dinamarca,
com condições muito melhores e reconhecimento
de seu diploma, por que iriam ao Brasil ganhar 3.000
euros?"
REVALIDAÇÃO
Silva afirma que os médicos estrangeiros
contratados em Portugal, muitos da América
Latina, são submetidos a um exame de conhecimentos
médicos e, caso aprovados, podem circular
em qualquer região do país.
Ele afirma que poderia haver reciprocidade em relação
ao Brasil caso o governo decidisse reconhecer os
diplomas de médicos portugueses.
"Mas daqueles formados em boas escolas. Sabemos
que há mais de 200 faculdades de medicina
no Brasil e muitas não têm qualidade."
Silva diz que o Brasil poderia atrair aposentados,
que não têm muitas alternativas de
emprego. "Mas não sei se haverá
médicos com capacidade de se adaptar a condições
de trabalho iguais às de Portugal de cem
anos atrás."
A jornalista viajou a convite
da Agência para o Investimento e Comércio
Externo de Portugal, Tap e grupo Dom Pedro