O
escorpião-azul (em espanhol, alacrán)
é um animal peçonhento só encontrado
em Cuba. Desde 1995, cientistas da ilha estudam o
seu veneno e garantem que é eficaz no tratamento
de vários tipos de câncer. A partir dele,
fabricam e comercializam os remédios Escozul
e Vidatox. Outra espécie endêmica na
ilha é a medicina avessa às evidências.
Submeter os estudos a uma publicação
científica é considerado traição
à pátria comunista, submissão
ao imperialismo americano.
Não há nenhuma comprovação
de que o veneno funciona. No Pubmed, a maior base
de dados científica sobre saúde no mundo,
não há um registro sequer sobre o tal
remédio. Sua suposta eficácia é
um dos muitos mitos sobre a medicina cubana criados
e perpetuados pelos irmãos ditadores Fidel
e Raúl Castro para enganar governos incautos
como o do Brasil, que pretende contratar 4 000 médicos
cubanos até o fim do ano (os primeiros 400
chegaram há duas semanas).
A mentira – e não apenas
na medicina – é a principal política
de estado na ilha dos irmãos Castro. A atual
epidemia de cólera, por exemplo, que as autoridades
não conseguem mais esconder, é controlada
com um remédio homeopático. “Dar
cinco gotas via oral de uma droga homeopática
sem eficácia comprovada em um país onde
não há tratamento adequado da água
e onde a falta de higiene é regra parece uma
piada de mau gosto”, diz o médico cubano
Eloy González, exilado nos Estados Unidos.
Para se ter uma ideia de como Cuba
está atrasada, a cólera foi erradicada
no século XIX em vários países
com o saneamento básico. Propagandear a obsoleta
medicina cubana como avançada e pioneira é
indispensável para a ditadura, que depende
da exportação de mão de obra
do setor de saúde para se sustentar. Os missionários
de jaleco são atualmente a principal fonte
de divisas do regime. Em dezesseis escolas de medicina,
Cuba formou neste ano mais de 10 000 doutores e outros
20 000 profissionais de outras carreiras de saúde,
como enfermagem e nutrição. Seria uma
notícia boa em 1959, quando a Faculdade de
Medicina de Havana era uma das dez melhores do mundo.
Hoje o curso é uma vergonha e está em
68º lugar no ranking de qualidade da América
Latina.
Com as missões no exterior,
pouquíssimos médicos ficam na ilha,
o que levou ao fechamento de 54 hospitais nos últimos
três anos. “Antes era preciso levar lençóis,
lâmpadas, comida e seringas para o hospital
para ser atendido. Daqui a pouco será preciso
levar também o médico e a enfermeira”,
diz por telefone um morador de Havana, que preferiu
não ser identificado. Não é incomum
ser atendido por um jamaicano ou um estudante chinês,
que falam o espanhol com dificuldade. |