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14.10.2013

Após acordo, presidente do CFM volta dizer que Mais Médicos é eleitoreiro

fonte: O Globo

Após ter fechado acordo com líderes governistas para aprovar a medida provisória (MP) que institui o Mais Médicos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) voltou a subir o tom contra o programa e o governo. Segundo o presidente do CFM, Roberto Luiz d'Avila, o Mais Médicos é eleitoreiro e, do jeito que está, não resolverá os problemas da saúde brasileira. A MP foi aprovada pela Câmara na quarta-feira e precisa ser votada pelo Senado até o dia 5 de novembro.

Pelo acordo fechado na terça, o relator da MP, deputado Rogério Carvalho (PT-SE), aceitou algumas demandas do CFM, mas manteve intacta a maior parte do texto, conforme queria o governo, inclusive o trecho que remete ao Ministério da Saúde a concessão de registro para os profissionais formados no exterior. Ao todo, foram selecionados 681 profissionais formados no exterior para o programa Mais Médicos, dos quais 400 cubanos e 116 brasileiros. Nesta quinta, o CFM divulgou que os CRMs concederam registro profissional para 425 deles. Na noite de quarta, o Ministério da Saúde havia informado que 391 obtiveram o registro.

A negociação gerou críticas de outras entidades médicas e de parlamentares contrários ao programa.

- Não faz parte de acordo nós aceitarmos o programa Mais Médicos. Não aderimos ao programa. Não apoiamos o programa Mais Médicos. Continuamos com as mesmas críticas, continuamos achando que é um programa eleitoreiro, que não levará saúde se não melhorar a infraestrutura - disse nesta quinta-feira o presidente do CFM, acrescentando, por outro lado, que era preciso negociar para evitar danos maiores:

- Se nós não tivéssemos negociado, com certeza seríamos derrotados na Câmara, mesmo com toda a bravura da oposição, e hoje estaríamos numa situação muito pior, com uma ameaça à própria existência da medicina e das competências profissionais. Portanto foi um sucesso essa negociação.

Pelo acordo, o relator incluiu no texto a previsão de que, futuramente, os participantes do programa terão que pertencer a uma carreira específica para a categoria. O compromisso é que essa carreira seja criada por meio de outra proposta, a ser encaminhada pelo Executivo. Isso, diz o CFM, vai ajudar a fixar profissionais nas áreas onde faltam médicos.

O relator também concordou em excluir do texto a criação de um fórum de caráter consultivo para assessorar o ministério nas políticas de recursos humanos na área da saúde. Para o Conselho, isso daria poderes excessivos ao Ministério da Saúde na hora de tomar decisões sobre as carreiras na área da saúde, violando a autonomia dos conselhos.

Roberto d'Avila diz que no Senado a prioridade do CFM será para manter os pontos do acordo fechado com Rogério Carvalho, e não lutar por novas alterações. Segundo ele, há ainda alguns questões a serem esclarecidas, como competência de fiscalização dos CRMs. Pelo texto aprovado na Câmara, cabe ao Ministério da Saúde conceder o registro profissional aos médicos de fora, mas eles estarão sujeitos à fiscalização dos CRMs.

- O que queríamos, e isso foi garantido, é a competência de fiscalizar. E aí nós vamos ter que entrar em outra discussão jurídica mais tarde. Para uns, quem fiscaliza tem o direito de julgar. Para outros não. Só fiscalizaria e encaminharia a denúncia ao Ministério Público relacionando à gravidade do caso e às responsabilidades e corresponsabilidades, e a Justiça vai determinar quem é o culpado - disse o presidente do CFM.

Em relação à carreira federal para a categoria, Roberto d'Avila defendeu que ela seja parecida ao que ocorre hoje no Judiciário e no Ministério Público. Isso inclui: dedicação exclusiva; progressão funcional; gratificação para preenchimento de vagas em lugares de difícil provisão; educação médica continuada, com oportunidades para fazer mestrado e doutorado.

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