"O
hospital nos manda o resultado da tomografia ou ressonância
e, com o software InVesalius, conseguimos tornar tridimensional
a imagem, que, em seguida, vai para a impressora e
se transforma em um modelo idêntico ao que será
operado", explica Jorge Vicente Lopes da Silva,
chefe da divisão de tecnologias tridimensionais
do Centro de Tecnologia da Informação
Renato Ascher (CTI), órgão de pesquisa
em Campinas vinculado ao Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação. Ali ficam nove
dessas impressoras.
Foi também no CTI que os pesquisadores
desenvolveram o software, em 2001. Depois disso, o
número de cirurgias só aumentou. Em
2007, 135 operações foram feitas no
País com o auxílio da tecnologia. No
ano passado, foram 480 (mais de uma por dia). "Por
causa dos bons resultados, conseguimos apoio do Ministério
da Saúde. Já foram repassados R$ 2,5
milhões nos últimos quatro anos e temos
aprovado mais R$ 1,9 milhão para os próximos
dois anos", diz Silva.
Como contrapartida, o CTI atende
apenas hospitais públicos ou filantrópicos,
sem cobrar nada. São 120 unidades ajudadas
por ano, em média.
Referência em casos graves
de traumas, o Instituto de Ortopedia e Traumatologia
do Hospital das Clínicas é um dos principais
usuários da tecnologia. "O planejamento
prévio diminui o tempo de cirurgia e, consequentemente,
os riscos para o paciente e os custos do procedimento",
diz o engenheiro-chefe do laboratório de biomecânica
do IOT, Tomaz Puga Leivas.
Reconstrução. Com o
planejamento e a produção de implantes
personalizados, os médicos também conseguem
melhores resultados estéticos. Foi graças
à tecnologia 3D que o auxiliar de armazenagem
Pedro Victor Pereira dos Santos, de 24 anos, pôde
ter a face reconstruída, após um acidente
de moto sofrido em 2010. "Estava dirigindo sem
capacete, perdi o controle e bati a cabeça
em um tronco. Perdi metade do meu crânio",
conta.
O acidente deixou Santos com afundamento
na testa. Em 2012, passou por cirurgia no Hospital
Sobrapar, de Campinas, unidade filantrópica
especializada em crânio e face. "Minha
cabeça estava deformada e eu estava deprimido.
A cirurgia mudou tudo. Nem eu esperava que o resultado
fosse ficar tão natural."
Vice-presidente do centro médico,
o cirurgião plástico Cassio Eduardo
Raposo do Amaral diz que o uso da tecnologia 3D foi
indispensável no caso de Santos. "Ele
perdeu metade da estrutura óssea do crânio.
Com o auxílio da impressão 3D, fizemos
um implante customizado. Hoje não dá
para pensar em uma cirurgia dessas sem o uso da tecnologia." |