Como
mostrou reportagem do site de VEJA, um relatório
do Ministério Público Estadual revelou
que 209 pessoas morreram entre os dias 1º e 19
de agosto nas emergências de 50 hospitais e
Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Rio à
espera de leitos de UTI e de enfermarias especializadas.
Além do déficit de
leitos, o problema é a falta de integração
entre os hospitais municipais, estaduais e federais
na cidade. Hoje, cada gestor administra a sua Central
de Regulação de Leitos – setor
que define quais pacientes serão transferidos.
Ou seja, não existe uma fila única,
como ocorre com transplantes de órgãos.
No Rio, pacientes morrem à
espera de UTIs, enquanto leitos permanecem vazios
“O usuário do SUS precisa
ser um grande sortudo para ter atendimento adequado.
O Rio tem três diferentes Centrais de Regulação.
São três filas e o doente precisa ter
sorte para acessar a central que tem o leito vazio.
Nós, do Ministério Público, queremos
que todos os leitos sejam coordenados por um gestor
para que se tenha uma fila única e critérios
bem definidos de ocupação”, afirma
Patrícia, da Tutela Coletiva de Saúde
da Capital.
Entre os dias 12 e 19 de agosto,
1.225 pacientes estavam internados nas emergências
dos 15 hospitais públicos, trinta UPAs e em
cinco Centros Especializados em Reabilitação
(CER) vistoriados pelos peritos do Grupo de Apoio
Técnico Especializado (Gate) do MP. Destes,
812 esperavam por internação - 224 deles
precisavam ser transferidos para UTIs.
Muitos dos pacientes, no entanto,
poderiam ter sido transferidos para os setores que
necessitavam. No mesmo período em que 220 adultos
esperavam por um leito de UTI, havia 32 deles vazios
nos hospitais vistoriados. Havia ainda onze leitos
de UTI pediátrica ociosos, quando quatro crianças
esperavam transferência para o setor. “Isso
revela absoluta falha do sistema de regulação,
do acesso ao sistema de saúde que precisa ser
resolvida”, afirmou a promotora, durante Audiência
Pública.
Em nota, lida durante a audiência
pública, os gestores municipal e estadual afirmaram
que trabalham para melhorar o acesso à rede
e repudiaram a divulgação do relatório
do MP. Segundo a nota, assinada pelos secretários
municipal e estadual de Saúde, Hans Dohmann
e Sérgio Côrtes, os gestores desconhecem
a metodologia e o resultado do relatório apresentado
pelo MP. |