De acordo com a entidade, o Governo deve estar
atento para assegurar que critérios mínimos
de infraestrutura e de corpo docente sejam oferecidos
aos residentes. “Sem isso, o processo de ensino
não se concluirá, devolvendo à
sociedade um profissional sem a qualificação
esperada, comprometendo o atendimento dos pacientes”,
afirma a entidade.
Outra preocupação do Conselho Federal
de Medicina é que a decisão do Governo
seja uma tentativa de “mascarar a crise nos
hospitais gerais e prontos-socorros, como denunciado
pela imprensa”. No documento, endereçado
à sociedade, a entidade chama atenção
para o risco real de prejudicar a formação
dos futuros especialistas e não resolver
o cenário de caos instalado, com medidas
deste tipo. Para o CFM, a crise das emergências
passa, principalmente, por aumento de investimentos
e melhor gestão.
NOTA À SOCIEDADE
CFM alerta para a qualidade da residência
médica
Com respeito as 12,4 mil novas vagas de Residência
Médica (até 2018), anunciadas nesta
terça-feira (17), o Conselho Federal de Medicina
(CFM) expressa sua preocupação com
as consequências dessa medida, que pode comprometer
de forma irreversível a qualidade na formação
dos especialistas brasileiros. Por isso, alertamos
para os seguintes aspectos:
1) O êxito da iniciativa só ocorrerá
se houver condições adequadas de preceptoria
e infraestrutura apropriada (instalações
e equipamentos) para a formação dos
residentes. Sem isso, o processo de ensino não
se concluirá, devolvendo à sociedade
um profissional sem a qualificação
esperada, comprometendo o atendimento dos pacientes;
2) O risco de comprometimento na formação
é real, pois, atualmente, há número
considerável das vagas nas Residências
Médicas disponíveis em instituições
de ensino que descumprem regras mínimas estabelecidas
pela Comissão Nacional de Residência
Médica (CNRM), obrigando-a a realizar diligências
na tentativa de corrigir as pendências identificadas;
3) Ações deste calibre devem estar
atentas aos limites do sistema formador do país
e fugir da tentação de usar residentes
para mascarar a crise nos hospitais gerais e prontos-socorros,
como denunciado pela imprensa. Sem observar requisitos
mínimos para o ensino de qualidade, o Governo
prejudicará a formação dos
futuros especialistas e não resolverá
o cenário de caos instalado, cuja solução
passa por mais investimentos e melhor gestão.
Se historicamente, as entidades médicas
defendem que cada aluno egresso de uma escola de
Medicina tenha vaga assegurada para obter sua especialização,
essa luta não impede críticas a mais
uma medida de apelo midiático, sujeita à
sérios problemas operacionais.
Assim, o CFM - por meio de informações
da CNMR e pelo acompanhamento dos programas de Residência
Médica nos Estados – monitorará
esse processo para impedir o desrespeito aos parâmetros
para formar profissionais com alta qualidade ética
e técnica.
Brasília, 17 de dezembro de 2013.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
(CFM)