Na prática, o novo perfil dos convênios
pode restringir a liberdade de escolha dos usuários,
que se veem obrigados a agendar consultas e a realizar
atendimentos de emergência, exames e cirurgias
na rede direta da operadora. Geralmente, os procedimentos
são agendados apenas por centrais telefônicas,
que indicam médicos e equipamentos disponíveis
de acordo com o modelo pago de plano.
A rede própria chega a representar 80% das
opções ofertadas aos clientes. É
o caso, por exemplo, da cartela dos planos Dix,
os mais econômicos vendidos pela Amil. Com
mais de 6,8 milhões de usuários, a
operadora tem hoje 27 hospitais com a sua marca,
além de 40 ambulatórios. No total,
a verticalização já representa
de 35% a 45% dos atendimentos do plano.
Segundo o diretor nacional de rede da Amil, Vinicius
Ferreira da Rocha, a empresa tem hoje mais de 3
mil leitos em seu comando. Apenas em São
Paulo, são oito hospitais próprios,
como o Paulistano, o Metropolitano e o Alvorada.
"Isso é um grande avanço, não
apenas pela oferta de vagas, mas pela melhora da
gestão médica do paciente, que cria
um vínculo maior com a equipe", diz
o diretor.
Rocha reconhece que a verticalização
dos planos de saúde gera um conflito de interesses
ao entregar ao plano, por exemplo, o poder de solicitar
exames e também autorizá-los, mas
ele nega que a medida reduza a qualidade do atendimento
prestado. "É preciso ressaltar que o
paciente ainda tem a rede aberta, com possibilidade
de reembolso. Em todos os casos, os prazos são
os mesmos para marcação de consultas
e exames. Não impomos restrição",
garante.
Superintendente de recursos próprios da
Unimed Paulistana, Marcelo Nunes, informa que a
empresa tem como meta dobrar sua atual rede própria,
que hoje tem apenas um hospital - o Santa Helena
- e cinco ambulatórios na capital. "Essa
rede representa hoje 15% dos atendimentos. Nossa
meta é chegar a 30%", diz. Segundo ele,
o modelo é imprescindível para dar
conta da demanda. "A procura da população
por planos de saúde tem aumentado. Precisamos
também aumentar nossa gama de serviços.
Não vejo conflito de interesses nisso. A
rede própria reduz custos, mas também
diminui os riscos para o paciente. Nos hospitais,
por exemplo, só se interna quando há
realmente necessidade."
Universal. O fenômeno da verticalização
não afeta só as gigantes do setor.
Com 12 anos de atividades, a Life Empresarial, operadora
da Igreja Universal, já tem seu próprio
hospital, o Moriah, a poucos metros do aeroporto
de Congonhas, em Moema, zona sul. Pronta, a unidade
aguarda inauguração formal.
Já a Prevent Senior, dedicada a atender
pacientes idosos, cresceu em número de clientes
em parte por causa da expansão de sua rede.
Hoje, são oito hospitais e 22 ambulatórios
com a bandeira Santa Maggiore.