Caiado
provocou um alvoroço no plenário ao
apresentar uma médica cubana. Com um contrato
em mãos, o deputado disse ter a prova de que
o convênio para a contratação
dos médicos cubanos não foi firmado
pelo governo brasileiro com a Organização
Pan-americana de Saúde (Opas) e sim com a Sociedade
Mercantil Cubana Comercializadora de Médicos
Cubanos S.A.
Segundo Caiado, a médica recebia
apenas US$ 400 (R$ 960) e o restante do dinheiro (US$
600) do contrato era depositado numa conta cubana,
à qual ela só teria acesso depois. Caiado
disse que é um absurdo o governo pagar R$ 10
mil mensais pela médica e ela receber apenas
US$ 1 mil (R$ 2.400).
Ramona alegou que teve seu telefone
grampeado pela Polícia Federal e que agentes
federais teriam ido atrás dela para prendê-la.
Caiado acusou o governo brasileiro de explorar trabalho
escravo. Segundo o deputado, o advogado do DEM entrará
com pedido de asilo da médica, porque se Ramona
retornar a Cuba será presa. Procurado, o Ministério
da Justiça disse que não sabia do caso
e que só deve se manifestar nesta quarta. Até
as 23h, o Ministério da Saúde não
havia se pronunciado.
Em plenário, Caiado afirmou
que a médica ficará sob seus cuidados,
na Liderança do DEM, onde dormirá, tomará
banho e vai fazer as refeições. O deputado
disse que a médica trabalhou cinco meses em
Pacajá.
— Que direito tem a Polícia
Federal de ficar no encalço dela, perseguir
essa mulher que clama por liberdade? Essa Casa tem
que estar aberta para receber pessoas que clamam por
liberdade — criticou Caiado.
Uma cópia do contrato individual
de Ramona mostra que a médica foi contratada
pela empresa cubana Comercializadora de Servicios
Médicos Cubanoa, e não pela Opas, como
anunciou o governo.
“Eu me senti enganada”
Ramona disse que somente depois que
chegou ao Brasil, quando fazia curso em Brasília,
descobriu, junto a outros estrangeiros, que o salário
era de R$ 10 mil mensais.
— Me senti enganada. Em Cuba
não falaram nada de dez mil (reais). Decidi
fugir por isso. Eu me senti muito mal, senti que fui
enganada — disse Ramona Rodriguez.
Caiado acusou o governo de cometer
um crime e exige que o Ministério da Justiça
conceda asilo para a cubana.
— É a figura clandestina
do gato. Quando criticamos o programa o Ministério
da Saúde disse que o contrato era com a Opas,
mas a Opas nunca veio prestar esclarecimento. Ela
me ligou, procurou clamando por liberdade. o que mostra
o quanto foi enganada. Ela saiu no sábado de
Pacajá, no interior do Pará, e foi informada
que a Polícia Federal esteve lá, dizendo
que ela seria presa. Ficou ansiosa — disse Caiado,
acrescentando:
— Quis levá-la ao plenário
para mostrar o crime convalidado pelo governo brasileiro
de utilizar, explicitamente, mão de obra escrava;
ela foi forçada, não pode se deslocar,
teve o telefone grampeado.
O presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), pediu que Caiado terminasse
sua fala. Houve bate-boca entre Caiado e Henrique,
que argumentava que a Casa estava em meio a uma votação.
A médica ficará abrigada
na Liderança da legenda. Caiado exigiu que
Henrique Alves garanta a segurança da médica
na Câmara.
|