“O
salário dos médicos aqui é vergonhoso.
A questão é grave. O primeiro passo
é a incorporação total das gratificações
ao salários. Isso é importante porquê
quando o médico fica doente ou se aposenta
não recebe as gratificações.
É preciso construir uma proposta para se garantir
uma remuneração justa”, afirmou
o presidente da FENAM.
O presidente do Sindicato dos Médicos de Petrópolis,
Mauro Peralta, entregou ao secretário municipal
uma pauta de reivindicações, elaborada
após assembleia com os médicos. O documento
solicita, entre outros pontos, o reajuste salarial
com aumento real no piso. “O salário
de R$1,5 mil é irrisório e não
dá para cobrir as despesas. Os médicos
cubanos recebem R$ 10 mil de bolsa e mais outros R$
2 mil de auxílio moradia. Nós queremos,
no mínimo, isonomia”, afirmou Peralta.
Durante a audiência, o presidente do Sindicato
dos Médicos do Rio de Janeiro, Jorge Darze,
denunciou a falta de projetos políticos que
apontem para a realização de concursos
públicos com salários justos e a criação
de carreira médica. Darze solicitou que remuneração
do médico deve ser de acordo com a responsabilidade
da profissão.
“Nós não vamos aceitar o que está
sendo oferecido pelo governo. Enquanto os médicos
cubanos recebem R$ 10 mil por mês, o brasileiro
ganha R$ 1,5 mil, mesmo com a responsabilidade que
temos. Isso é uma falta de respeito do Governo
Federal com os médicos brasileiros. Isso é
inadmissível em um município importante
como Petrópolis. É possível chegar
ao piso FENAM com planejamento financeiro”,
destacou Darze.
O secretário de Saúde Suplementar da
FENAM, Márcio Bichara, contou a experiência
do município de Belo Horizonte (MG), onde ele
atua como ginecologista. Na capital mineira, foi criada
a carreira de médicos para os profissionais
que atuam no Programa de Saúde da Família.
Neste programa, o salário inicial é
de R$ 10 mil, e quando o médico chega ao final
de carreira recebe R$ 18 mil para 40 horas.
“Não é o ideal ainda, mas nós
fizemos o concurso porquê vislumbramos essa
carreira com vencimento real. Esse tipo de carreira
atrai até o especialista na atenção
básica porquê diferencia a carreira.
Nós negociamos com o prefeito ao longo de quatro
anos e, com a decisão política, houve
o reajuste”, explicou Bichara.
O secretário de Saúde de Petrópolis,
André Pombo, se mostrou disposto a negociar
ganho real para os médicos do município
e agendou reunião de trabalho para o próximo
dia 11 de março com o sindicato. Na ocasião,
o secretário afirmou que uma das soluções
para o problema seria a criação da carreira
do SUS, onde o governo repassaria o recurso para o
município.
“Nós já conseguimos avançar
com a incorporação de dois abonos no
valor de R$ 200. Até março, nós
vamos fazer o reenquadramento desses profissionais
dentro da negociação do PCCS. Nós
criamos um grupo de trabalho para melhorar o piso.
Nós sabemos que tem uma defasagem grande, mas
nós vamos precisar de um tempo para incorporar
um ganho real”, concluiu.
Também participaram da reunião o vice-presidente
da FENAM, Otto Baptista; o secretário de Assuntos
Jurídicos, Vânio Lisboa; o secretário
de Direitos Humanos, José Murisset; o secretário
de Formação Profissional e Educação
Médica Continuada do Sinmed/RJ, José
Romano, o coordenador de Assuntos Jurídicos
e Trabalhistas do Sindicato dos Médicos do
Espírito Santo, Eglif de Negreiros Filho, e
membros do Sindicato dos Médicos de Petrópolis.
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