É
o caso do mineiro Samuel Vianney Pereira. Ele diz
que participou do processo de seleção
em agosto, mas nem finalizou a inscrição.
Desistiu do programa por incompatibilidade de horários,
uma vez que não conseguiria conciliar seu atual
trabalho com o Mais Médicos. Apesar disso,
o nome dele está na lista publicada no Diário
Oficial.
Pereira diz que recebeu um e-mail
do Ministério da Saúde, na terça-feira
passada, pedindo que ele explique por que deixou o
programa. Em seu perfil no Facebook, há várias
críticas ao governo federal e ao Mais Médicos.
— Achei muito estranho. Na
verdade é um erro deles, um engano deles. Não
participei do Mais Médicos. Isso é uma
grande desorganização do governo. Eles
não sabem quem está trabalhando lá.
Eu nem cheguei a trabalhar no Mais Médicos
— disse o médico. — Eles não
sabem informar quantas pessoas se afastaram. Essa
é a verdade. E provavelmente nem quantas estão
trabalhando. Eles não têm essa informação.
O meu caso é emblemático.
Outro caso é o do médico
cubano radicado na Espanha Bladimir Quintan Remedios,
que trabalhava em Recife. Em outubro do ano passado,
Bladimir abandonou o programa e retornou à
Espanha. Um mês antes, em setembro, em entrevista
ao GLOBO, Bladimir disse que veio ao país fugindo
da crise econômica da Espanha, que reduziu significativamente
seus rendimentos.
Bladimir é contabilizado como
médico proveniente da Espanha, e não
figura na lista dos milhares de profissionais cubanos
que vieram ao Brasil por meio da parceria firmada
com o governo da ilha e intermediada pela Organização
Pan-Americana da Saúde (Opas).
— Fui para a Espanha como turista,
mas desertei. Tinha vontade de mudar. Era médico
em Cuba. Mas, na Espanha, terminei passando um período
sem conseguir me legalizar e fui trabalhar na construção
civil, como pedreiro mesmo — afirmou Bladimir
ao GLOBO em setembro.
Ele acrescenta:
— Consegui legalizar minha
situação após passar três
anos com emprego fixo e aí fui lutar para arranjar
emprego como médico. Felizmente os dois países
têm uma espécie de convênio, e
não foi difícil, depois, trabalhar como
médico. Estou na Espanha há 17 anos,
constituí família, não pretendia
sair de lá, mas veio a crise, e estou pensando
em passar uma boa temporada no Brasil.
Dos 89 profissionais que tiveram
seus nomes publicados no Diário Oficial, há
dois médicos lotados em Porto Alegre que, segundo
a Secretaria municipal de Saúde, nunca trabalharam
lá. São o ucraniano Bityukov Sergiy
e a brasileira formada no México Maria Inez
Gonzaga. Outra médica notificada na quarta,
a colombiana Fanny Viviana Paz Hurtado, deveria estar
atuando em Belo Horizonte, mas a secretaria local
de Saúde também informou que ela nunca
se apresentou para trabalhar na cidade.
O Ministério da Saúde
informou que “a lista publicada no Diário
Oficial da União traz nomes de profissionais
cujo cadastro ficou pendente, seja por falta de informação
da Secretaria municipal de Saúde ou do próprio
médico. Cabe ressaltar que, ao oficializar
o desligamento desses médicos, o Ministério
da Saúde está oferecendo oportunidade
de justificativa”.
A nota diz também que a folha
de pagamento dos médicos do programa é
gerada mensalmente após confirmação
do gestor municipal de que o profissional manteve
suas atividades. Assim, “o pagamento é
autorizado somente aos que estão em atividade”.
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