fonte: jornal Extra
Conforme noticiou o Jornal O Extra, a crise do Hospital Universitário Pedro Ernesto faz com que cirugias demore mais para serem realizado do que o esperado. A falta de materiais, de salas cirúrgicas e de médicos vem, segundo servidores, causando cancelamentos das cirurgias. Estima-se que o número diário de operações caiu de 60 para 20.
— Estamos com medo de os exames pré-operatórios vencerem e termos que começar o processo todo de novo — conta Daniele Carvalho, de 37 anos, filha da paciente.
A situação de quem espera por cirurgias de hérnia não é mais animadora. Por causa da falta de um determinado tipo de tela, que custa cerca de R$ 250, o número de intervenções caiu 80%: de cinco operações semanais, passou a uma.
— Dentro do centro cirúrgico, a gente tem que dar um jeito e improvisar para não cancelar mais cirurgias — afirma um dos médicos que não quis ser identificado.
Segundo relatos de médicos, servidores e estudantes, insumos básicos como determinados tipos de seringas, escova para lavar a mão, compressas e cabos de bisturi têm o abastecimento irregular — quando tem um dos materiais, outros faltam. O hospital nega todas as acusações.
O Pedro Ernesto é o hospital onde os alunos de medicina da Universidade do Estado do Rio (Uerj) aprendem e recebe verbas repassas pela instituição. Em crise financeira, a Uerj ainda está com R$ 92 milhões do orçamento retido em 2015.
— Esse hospital tem três funções: formar profissionais, fazer pesquisa e ter atendimento de alta complexidade. A situação é muito grave e é o resultado da pouca importância dada pelo governo — diz o presidente do sindicado dos médicos, Jorge Darze.
Quadra vira almoxarifado
As marcas do incêndio vivido em julho de 2012 ainda estão presentes nas paredes do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Por fora, a parede ainda está queimada. E, dentro da enfermaria, a tinta deixa transparecer a coloração escura causada pelo fogo. Além disso, o almoxarifado, local mais afetado pelo incidente, foi transferido para a quadra de esportes — obra feita com o dinheiro de um fundo destinado aos estudantes e que havia sido inaugurada havia cerca de um mês.
Os problemas estruturais são mais extensos. Metade das 20 salas de cirurgias está fechada para obras. Em uma delas, há um segundo andar que permite aos alunos assistirem às operações lá do alto. No entanto, o espaço virou um depósito de entulhos — há objetos como uma guirlanda de Natal e uma porta.
Outro problema que atrasa as cirurgias é o atraso no pagamento dos funcionários da limpeza, que são terceirizados. Por isso, o efetivo está menor. Só há uma pessoa para a higiene das dez salas, quando o ideal seria, pelo menos, um funcionário para cada sala. O Ministério Público do Trabalho vai investigar a falta de pagamento dos funcionários terceirizados da Uerj. Segundo alunos, o baixo número de serventes deixa o hospital mais sujo, e há funcionários que precisam até de ajuda para pagar a passagem.