fonte: CREMERJ
Diretores do CREMERJ debateram a situação da saúde pública no Rio de Janeiro com o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, nessa terça-feira, 23, na sede da prefeitura. As condições dos hospitais da cidade, como a reativação do CTI pediátrico do Hospital Souza Aguiar, a contratação de recursos humanos e a implantação de um núcleo de neurocirurgia no Hospital Lourenço Jorge estiveram entre os principais assuntos discutidos.
Após questionamento do CREMERJ, em relação aos hospitais municipais, Soranz esclareceu que não existe planejamento da Secretaria de Saúde em fechar serviços, como o de ginecologia, no Salgado Filho. Já no Souza Aguiar, onde o CTI pediátrico continua desativado, o objetivo, segundo o secretário, é contratar intensivistas para reativar o serviço.
“A desativação do CTI pediátrico também me preocupa, mas não podemos reabrir uma unidade intensivista sem pediatras com experiência nessa área, pois é um risco. Então, a minha estratégia é formar o máximo de pediatras para tentar suprir essa carência”, afirmou o secretário.
Daniel Soranz ressaltou que a Secretaria tem investido em cursos de pós-graduação, que têm o foco de capacitar o médico para atuar nas unidades municipais de saúde, mas destacou que esse curso incrementa a formação e não substitui a residência médica. “Nossa preocupação em preservar a residência é tão grande, que colocamos alguns limitadores na inscrição como ser formado há três anos. Além disso, só no município do Rio de Janeiro serão abertas mais de mil vagas de residência”, explicou.
O vice-presidente do CREMERJ, Nelson Nahon, disse que o Conselho recebeu denúncias relacionadas a esses cursos de pós-graduação de que em algumas unidades preceptores estariam faltando e que havia clínicos matriculados em cursos de obstetrícia, por exemplo. Daniel Soranz reconheceu o problema e afirmou que está apurando e promovendo ajustes.
A diretoria também ressaltou a importância de um núcleo de neurocirurgia no Hospital Lourenço Jorge, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. “O serviço mais próximo fica no Miguel Couto, na Zona Sul da cidade. Sabemos dos problemas de trânsito que vivenciamos no Rio, o que impulsiona essa necessidade, identificada pelo CREMERJ há bastante tempo e temos sinalizado isso”, reforçou o diretor do Conselho Serafim Borges.
O secretário, por sua vez, disse que prefere fortalecer os serviços em uma unidade e que não é planejamento inaugurar um núcleo de neurocirurgia no Lourenço Jorge. O CREMERJ questionou a importância da contratação de recursos humanos e, segundo Soranz, há previsão de concurso público ainda para este ano e de criação de um plano de carreira para os médicos. O Conselho também levantou, mais uma vez, a necessidade da equiparação salarial dos médicos estatutários com aqueles que estão sendo contratados pela Rio Saúde. O secretário, porém, disse que isso, a princípio, não haverá.
Além disso, Soranz informou que a Rio Saúde administrará as unidades CER Barra e as UPAs Senador Camará e Rocha Miranda. Posteriormente, a gestão das UPAs Madureira e Cidade de Deus também poderão ser migradas para a fundação.
Outra situação preocupante, na visão do CREMERJ, é a falta de um Serviço de Verificação de Óbito (SVO) no Rio de Janeiro. O secretário reconheceu essa necessidade e disse que existe a perspectiva de uma parceria com o Instituto Médico Legal (IML) para a realização disso. Segundo ele, a parte física poderá ser aproveitada, mas falta uma discussão mais aprofundada sobre o funcionamento.
Em relação ao Sistema de Regulação de Vagas, foi explicado que a regulação única, que abrange vagas nas unidades federais, estaduais e municipais, é destinada para casos de alta complexidade. O município continua responsável por regular os leitos na cidade do Rio de Janeiro.
No final do encontro, informações importantes das ações da Secretaria foram apresentadas, mas ficou claro que ainda existem divergências entre a posição do CREMERJ e da Secretaria, como a necessidade da reativação do CTI pediátrico do Souza Aguiar, a abertura de um polo de neurocirurgia no Lourenço Jorge e a imediata equiparação salarial entre os contratados pela Rio Saúde e os estatutários.
Os diretores do CREMERJ Gil Simões, Carlos Enaldo de Araújo, Erika Reis e Marília de Abreu; o subsecretário-geral de Saúde, José Carlos Prado Júnior; e o subsecretário de Atenção Hospitalar de Urgência e Emergência, Mario Gama Lima, também participaram da reunião.