fonte: Folha de SP

Nove em cada dez brasileiros desejam que os médicos passem por um “exame da ordem” antes de ingressar no mercado de trabalho, como ocorre hoje com advogados.

É o que revela pesquisa Datafolha com 4.060 pessoas de todas as regiões do país, encomendada pela APM (Associação Paulista de Medicina). A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Segundo o levantamento, só 22% dos entrevistados consideram que a qualificação dos médicos tenha melhorado nos últimos anos.

A pesquisa entrevistou 4.060 pessoas acima de 16 anos, entre os dias 1° e 8 de agosto,  em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
A pesquisa entrevistou 4.060 pessoas acima de 16 anos, entre os dias 1° e 8 de agosto,
em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

A percepção de piora tende a ser maior nas regiões metropolitanas do que no interior (42% contra 31%).

A aplicação de um exame como o da ordem não é consenso. O Ministério da Educação e o CFM (Conselho Federal de Medicina) defendem que os alunos sejam avaliados periodicamente durante o curso, não no final.

O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) aplica há 11 anos um teste para os recém-formados em medicina no Estado de São Paulo. Nesse período, a taxa de reprovação tem sido acima de 50%.

Apesar de ser exame obrigatório para obtenção do registro do conselho, mesmo quem vai mal nele não é impedido de exercer a profissão. O conselho não pode, por força de lei, condicionar o registro ao resultado da prova. Para isso, seria preciso alterar a legislação federal.

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No Estado de São Paulo, várias instituições passaram a utilizar o exame do Cremesp como critério para o ingresso na residência médica e no mercado de trabalho.

“É um exame reconhecido nacionalmente, apoiado pela população e que tem colocado na deriva os conselhos médicos contra”, afirma o cardiologista Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp.

Para Florisval Meinão, presidente da APM, o exame paulista tem mostrado que a formação médica é um problema muito sério. “E que tende a piorar com a abertura desenfreada de novas escolas médicas sem as menores condições”, afirma.

Para ele, é urgente que o país institua um exame no final do curso, a exemplo do que fazem os Estados Unidos e países da Europa.

MINISTÉRIO

Em nota, o Ministério da Educação informou que, a partir do segundo semestre de 2016, todos os estudantes de medicina do país deverão realizar uma prova progressiva no 2º, 4º e 6º anos.

“Os exames terminais [como o do Cremesp] responsabilizam unicamente o estudante por eventuais problemas no aprendizado, não gerando impacto para os processos de avaliação da instituição de ensino. Os exames de progresso resolvem o problema na fonte.”

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Eles também serão critério classificatório para a seleção dos programas de residência médica, com previsão de acesso a partir de 2019.

O ministério diz que os cursos de medicina do país também passarão por processos de avaliação externa a partir de março de 2016.