fonte: O Globo

Qual o papel da ANS hoje?

Nos pautamos por um tripé: a questão de acesso ao serviço, qualidade e sustentabilidade. Não é só o braço econômico-financeiro, mas também assistencial. A agência tem de trazer essa garantia para o consumidor.

Hoje ela traz?

Eu vou aqui, diuturnamente, buscar isso. Levar a melhor informação ao consumidor e transmitir essa garantia. Vivemos um momento delicado da economia do Brasil e do mundo, o consumidor começa a ter dificuldade e temos de viabilizar alternativas. Viabilizar a gestão dos custos do setor, os modelos de remuneração, de aplicação, de efetividade dos gastos de saúde. Dar o melhor para o meu consumidor. A Unimed Paulistana, por exemplo, foi um case, no bom sentido, de proteção ao consumidor.

Para o cliente que viu a empresa quebrar, é difícil ver ‘case’ positivo. O senhor poderia explicar melhor?

A empresa foi submetida a quatro direções fiscais e duas técnicas para tentar ver se não acontecia o processo até ter que fechar a empresa. Mas, quando se viu que a situação só tinha piorado, vimos de que forma proteger esse consumidor. Das 740 mil vidas, temos 380 mil de planos empresariais, que o contratante carrega para outra operadora. Há 180 mil planos de adesão e as administradoras também encaminham. E 160 mil vidas de planos individuais e não poderíamos permitir, aqui, uma seleção de risco. Se uma operadora se instala, ela tem de vender para todos.

Não é o que a prática tem mostrado…

Para isso, temos uma área de fiscalização e a gente tem cobrado isso das operadoras. A preocupação que a gente tem é de empoderar o consumidor e sempre dizendo: a agência está aqui para orientar.

Que poder tem o consumidor que tem que comprar o que a empresa quer? Não oferecer plano individual não é fazer seleção de risco?

Não, tecnicamente a seleção de risco é por doença.

A ANS tem sido criticada por só regular os planos individuais, ou 20% do mercado.

Não é assim. Muitas pessoas focam que a regulação está só na entrega do índice que vai ser aplicado anualmente no reajuste, quando não é assim.

Os representantes das empresas argumentam que não vendem plano individual por causa do controle.

Quem falou isso falou inadequadamente. Hoje, temos o plano individual, o empresarial e os coletivos por adesão com grupos acima de 30 vidas, não importa se numa associação, sindicato. O órgão regulador também acompanha e chama as empresas para justificar reajuste. Se não comprovar, será multada. Se o grupo tem um custo diferenciado, temos que trabalhar esse custo. Estou olhando a sustentabilidade da assistência.

A ANS é alvo de críticas por causa de diretores oriundos das empresa. O senhor mesmo é um exemplo. Não há conflito ético?

Eu já fui de associação, de sindicato, de federação, de confederação, do público e do privado. Uma coisa é a origem. Outra é o vínculo. E meu vínculo agora é esse.