fonte: O Globo

O diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, afirmou nesta quarta-feira que os casos de microcefalia devem aumentar no Brasil e que o país já enfrenta uma epidemia. A microcefalia é uma malformação em que os bebês nascem com o crânio menor e, em 90% dos casos, leva ao retardo mental. Estados do Nordeste registraram muito mais casos nos últimos meses do que a média de anos anteriores. O zika vírus, que causa uma doença parecida com a dengue, mas com sintomas mais brandos, é o principal suspeito.

– Acreditamos que sim, a doença vai se expandir ainda. Se quisermos usar o termo epidemia, do ponto de vista técnico, ele é absolutamente correto. Epidemia define a ocorrência de número de casos acima do esperado para aquela localidade para aquele período. É uma designação absolutamente correta – disse Maierovitch durante reunião a Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara.

Balanço divulgado na terça-feira pelo Ministério da Saúde mostra que houve 399 casos suspeitos registrados este ano em sete estados da região: 268 em Pernambuco, 44 em Sergipe, 39 no Rio Grande do Norte, 21 na Paraíba, 10 no Piauí, 9 no Ceará e 8 na Bahia. Em 2014, o Brasil inteiro teve 147 registros. Na manhã desta quarta-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, já tinha dito que o registro de microcefalia em outros estados era uma possibilidade.

– Se for o zika vírus o causador, há possibilidade de causar em outros estados e até em outros países. Uma possibilidade, não estou dizendo que isso vá acontecer – disse Marcelo Castro.

Darcísio Perondi (PMDB-RS), deputado da bancada da saúde que participou da reunião com Maierovitch, reclamou da falta de recursos para a área, o que poderá prejudicar o combate à doença. Segundo ele, por meio de várias manobras, o governo vai retirar mais de R$ 11 bilhões da saúde em 2016. Vários deputados da bancada deverão se encontrar com o ministro na manhã de quinta-feira.

– O governo está reagindo, mas vai precisar recurso – afirmou o parlamentar, acrescentando: – Deve tirar (recursos) até da Bolsa-Família se for preciso (para repassar para a saúde).