fonte: O Globo
Neste momento de emergência na área de saúde, no qual o país enfrenta um surto de microcefalia associado ao vírus zika, laboratórios públicos do Rio penam com a falta de recursos para desenvolver novos estudos. Pesquisadores reclamam da falta de verbas do governo do estado e de cortes feitos em programas federais de fomento à ciência.
Uma das principais fontes de financiamento de projetos no setor, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico sofreu uma baixa de mais de um terço nos recursos previstos, ao se comparar os orçamentos de 2015 e 2016. No ano passado, a previsão orçamentária era de cerca de R$ 3,6 bilhões. Este ano, o valor caiu para R$ 1 bilhão. Os investimentos da Financiadora de Estudos e Pesquisas (Finep) também foram reduzidos de R$ 4,4 bilhões, em 2014, para apenas R$ 2,6 bilhões, no ano passado. Mas, de acordo com a Finep, em 2016 haverá R$ 4 bilhões disponíveis.
Na UFRJ, laboratórios conceituados como o de neuroplasticidade, que desenvolve pesquisas sobre microcefalia, operam com equipamentos antigos e, muitas vezes, faltam reagentes necessários para tocar os estudos.
O chefe do laboratório de neuroplasticidade, Roberto Lent, afirma que, apesar de o Ministério da Saúde ter lançado editais emergenciais para estudos sobre zika e microcefalia, é importante manter regularidade no repasse de recursos para evitar que outras pesquisas se percam:
— A pesquisa com minicérebros é cara e precisa de insumos importados. Enquanto o dinheiro não chegar, não teremos como levar adiante a pesquisa.
Segundo a pesquisadora Ana Bispo, chefe do laboratório de Flavivírus da Fiocruz, há dificuldade na unidade:
— Faltam insumos, equipamentos e recursos humanos. Mas conseguimos tocar as pesquisas com perseverança.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que tem garantido orçamento crescente para a Fiocruz. Segundo a pasta, a previsão para este ano é de R$ 2,4 bilhões, um crescimento de 4% em relação a 2015.