fonte: Folha de SP
Os usuários do SUS, que correspondem a 75% da população do país, têm menos médicos à disposição que os do setor no setor privado, que atende um quarto dos brasileiros.
O estudo “Demografia Médica” aponta que 21,6% dos médicos trabalham apenas no setor público, enquanto 26,9% estão exclusivamente no sistema privado (hospitais, consultórios, clínicas).
Segundo o coordenador do trabalho, Mario Scheffer, como há sobreposição (51,5%, dos médicos atuam ao mesmo tempo nas áreas pública e privada), pode-se afirmar que 78,4% dos médicos têm vínculos com o setor privado e 73,1%, com o setor público.
Esse suposto equilíbrio numérico precisa ser relativizado. “Se consideradas as populações cobertas pelo SUS e pelos planos ou seguro de saúde, é imensa a desigualdade de concentração dos médicos a favor do setor privado”, explica.
Em 2014, o país tinha 201 milhões habitantes, segundo estimativas do IBGE. Em junho de 2015, dados da ANS mostravam que os clientes de planos de saúde somavam 50,5 milhões. Os demais 150,5 milhões de brasileiros recorrem exclusivamente ao SUS.
“Os governos não contratam mais médicos, a não ser por meio de terceirização. Os valores pagos representam um terço do que oferece o setor privado. E a estrutura de trabalho é muito precária”, diz Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp.
De acordo com o levantamento, 59,9% dos médicos que atuam no setor privado estão em consultório. Já entre os médicos que estão no setor público, só 4,8% trabalham na atenção especializada ambulatorial.
“Não há médicos especialistas na rede secundária do SUS. Estão todos em consultório. Por isso, as filas e esperas absurdas de meses para consultas e exames de especialidades médicas”, diz Mario Scheffer.
Para ele, o programa do “Mais Médicos” pode ter contribuído para ampliar atenção primaria em pequenos municípios, mas as especialidades estão totalmente descobertas.