fonte: SaúdeBusiness

Cada vez mais as unidades de terapias intensivas (UTIs) têm trabalhado para reduzir mortes que poderiam ser evitadas e o Big Data tem se mostrado uma solução eficaz nesse sentido. Os casos que apresentam maiores riscos são evidenciados pelos dados analisados (Big Data).

Muitas das mortes em UTIs têm raízes em complicações evitáveis, como infecções hospitalares, coágulos sanguíneos e delirium devido a sedação excessiva. Os programas de prevenção de infecção são ações mais frequentes nos hospitais para evitar essas complicações, mas, segundo The Wall Street Journal, agora, alguns hospitais americanos estão testando abordagem que incorpora anos de dados e registros médicos, muitos dos quais nunca foram analisados em conjunto antes.

Os esforços estão voltados para os riscos menos previsíveis, já que os mais previsíveis conseguem ser mensurados pelo simples checklist. O portal Fiercehealthcare cita o exemplo do projeto “Risky States”, desenvolvido em conjunto entre o Beth Israel Deaconess Medical Center, o MIT – Massachusetts Institute of Technology e a empresa de TI Aptima. O trabalho consiste em usar o big data para medir de forma mais acurada os riscos de morte e complicações.

BIG DATA para UTI no Brasil 

Aplicações e investimentos com o mesmo objetivo também já são exemplos no Brasil. Recentemente a consultoria Everis e a multinacional NTT DATA anunciaram solução de big data para unidades de terapia intensiva. O primeiro piloto está sendo feito em parceria com o Serviço de Saúde da Andaluzia e com o Hospital Universitário Virgen del Rocio, na Espanha.

O objetivo é gerar eficiência e ter precisão na tomada de decisão clínica e no estabelecimento de prioridades assistenciais a partir da análise de grandes quantidades de dados em tempo real com a tecnologia Big Data Analytics e sua interação baseada em protocolos clínicos.

Para Alexandre Grandi, líder de Saúde da Everis, o Brasil possui um cenário promissor devido ao envelhecimento da população, que exige em geral internações de longo prazo, e o significativo aumento de internações de pacientes com várias comorbidades.

Segundo Francisco Murillo, diretor da unidade de terapia intensiva do Hospital Universitário Virgen del Rocío, “se você aplicar algoritmos suficientemente evoluídos para gerar e propor os planos de tratamento mais adequados para os pacientes, com base nos registros médicos eletrônicos e demais informações monitoradas 24 horas por dia, isso permitirá melhorar os protocolos de cuidados de saúde, aumentar a qualidade dos cuidados, a eficiência dos profissionais de UTI e reduzir efeitos adversos em pacientes”.

A brasileira Intensicare, em parceria com a Cerner, possuem um projeto de UTIs virtuais, que consiste na instalação de câmeras de alta resolução com sistemas de videoconferência nos leitos, interligando o prontuário eletrônico do paciente aos equipamentos que estão à beira do leito. “Esse big data será processado e transformado em dados e alertas de predição par os médicos especialistas que estarão na central”, explicou o presidente da Intensicare, Rodrigo Teixeira Aquino, em entrevista para o estudo Referências da Saúde.

“O sistema irá nos dizer, por exemplo, que determinado paciente está com 80% de chances de morrer de complicação cardiovascular nas próximas 24 horas”, disse. A previsão do executivo é que o programa reduza em até 25% a mortalidade e de 25% a 30% no tempo de permanência na UTI.

É fácil de perceber que essas integrações de dados, com base nos protocolos médicos, estão trazendo mudanças significativas para a eficiência e precisão do processo de tomada de decisão médica. Além disso, informações valiosas para protocolos novos ou aperfeiçoados podem ser recuperadas a partir dos dados acumulados graças ao big data.