datafolha_cfmfonte: CFM

A saúde é o principal problema do País na visão dos brasileiros. É o que mostra pesquisa do Instituto Datafolha, realizada a pedido do Conselho Federal de Medicina (CFM). O levantamento, divulgado nesta quarta-feira (23), em Brasília (DF), aponta que essa é a opinião de 37% da população, que coloca suas preocupações com a corrupção (18%) e com o desemprego (15%) em segundo e terceiro lugares, respectivamente.

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Os resultados mostram que o tema saúde é visto como um problema principalmente pelas mulheres (43%) e entre as pessoas que têm apenas o ensino fundamental (42%). Já a corrupção preocupa mais os homens (22%) e entre aqueles com maior escolaridade (26%). Neste ponto da pesquisa, a resposta era espontânea e o entrevistado só podia dar uma única resposta.

O trabalho aponta, ainda, que a percepção da qualidade dos serviços de saúde (públicos e privados) é negativa. Para 65% dos entrevistados, esta área merece os conceitos de ruim e péssimo. As regiões onde as críticas são maiores são o Sudeste (68%), o Norte e o Centro-Oeste (66%). O mesmo ocorre nas capitais e maiores municípios, onde as notas são baixas para 74% dos moradores. De forma geral, os mais jovens (de 16 a 24 anos) e as mulheres são os principais críticos da assistência.

Para mudar este cenário com respeito à saúde, a população cobra do governo um elenco de medidas. Entre elas, é vista como prioridade máxima o combate à corrupção (65%). Também são consideradas importantes o aumento no número de profissionais de saúde (58%) e a maior disponibilidade de leitos (50%). Outros pontos destacados são: destinar mais recursos para a saúde (47%), facilitar o acesso aos medicamentos (47%), qualificar os profissionais da saúde (46%), contratar mais médicos (45%) e melhorar a infraestrutura de hospitais e prontos-socorros (44%).

Subfinanciamento – Na avaliação do presidente do CFM, Carlos Vital, essa percepção da população sobre o setor está diretamente relacionada à má gestão dos recursos públicos na área. “Sucessivos levantamentos elaborados pelo CFM têm denunciado a situação do financiamento e da infraestrutura da saúde no País. O último deles revelou que, entre 2003 e 2015, cerca de R$ 136,7 bilhões do orçamento do Ministério da Saúde deixaram de ser efetivamente gastos”, comentou o presidente (clique aqui para conferir os últimos dados sobre o financiamento da saúde pública).

Nesta semana, segundo dados apurados pelo CFM no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), para este ano a dotação prevista para o Ministério da Saúde é de R$ 119 bilhões, dos quais 80% foram pagos até o último dia 18. No quesito investimento – gasto nobre da administração – dos R$ 6,7 bilhões, apenas R$ 3,2 bilhões (47%) foram efetivamente pagos até o momento. Se mantido este ritmo de dispensa média de aproximadamente R$ 302 milhões por mês, até o fim do ano terão sido investidos apenas R$ 3,6 bilhões do disponível, ou seja, 54%.

O secretário geral do CFM, Henrique Batista e Silva, também lembrou que o censo confirma o que os médicos já veem denunciando há muito tempo: a saúde não é uma prioridade de governo. “A população tem observado que não há um esforço para priorizar a Saúde. Sem estes recursos, por exemplo, os brasileiros certamente serão ainda mais prejudicados pela falta de infraestrutura e equipamentos fundamentais para a assistência”.