fonte: O Globo
“Não podemos ter uma fila para cirurgia de hérnia no Hospital Federal Cardoso Fontes e uma outra no Miguel Couto, da prefeitura. Faremos uma só”. A medida foi anunciada ontem pelo secretário municipal de Saúde, Carlos Eduardo de Mattos, que, na noite de segunda-feira, discutiu o assunto com o diretor do Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde, Jair Veiga. Eles preparam um plano para organizar a espera de pacientes de acordo com o tipo de atendimento na rede pública do Rio, inclusive do estado, e não mais por unidades.
A estratégia será a base do projeto que tem como objetivo diminuir o número de pacientes que aguardam consultas, exames ou cirurgias eletivas em hospitais municipais, federais e estaduais. Apenas os que chegarem às unidades pelos setores de emergência não entrarão nas filas. O plano de atendimento unificado deve ficar pronto até o próximo dia 1º, conforme estabelece um decreto do prefeito Marcelo Crivella publicado logo após sua posse.
— O acesso aos ambulatórios é feito pelo sistema de regulação do município. Depois, os pacientes entram nas filas dos hospitais. Hoje, cada um tem a sua — disse Veiga.
O plano do município e do governo federal deverá contemplar ainda a criação, de fato, de uma central única de regulação de consultas, exames e leitos no Rio. Atualmente, prefeitura e estado têm centrais independentes.
— A central é unificada apenas no papel. É preciso haver uma reorganização do sistema — destacou Carlos Eduardo.
O secretário municipal de Saúde acrescentou que o próximo passo será chamar o estado para conversar:
— Os três entes precisam trabalhar em harmonia. Lá fora, temos filas enormes de pacientes que não querem saber se a responsabilidade é do município, do estado ou da União.
POSSIBILIDADE DE MUTIRÕES
Antes da reformulação do sistema de regulação, Veiga e Carlos Eduardo acertaram uma medida para aliviar, a curto prazo, o problema da longa espera por atendimento em hospitais públicos do Rio. O representante do Ministério da Saúde se comprometeu a apresentar, na próxima segunda-feira, um projeto para diminuir as dez maiores filas para consultas, cirurgias e exames da cidade. A ideia é que médicos das seis unidades federais localizadas no município façam mutirões.
Hoje, há 28.035 pessoas esperando consultas oftalmológicas, como o GLOBO mostrou no último domingo. Em muitos casos, a espera pode passar de um ano.
Nesta terça-feira, Crivella disse temer uma “sobrecarga nas unidades municipais” devido à crise financeira do estado. Durante uma visita ao Hospital Jesus, em Vila Isabel, referência no tratamento pediátrico, ele ouviu da diretora Ariane Molinaro que existe um déficit de 50 técnicos de enfermagem e enfermeiros na unidade. Ali, há 250 crianças à espera de cirurgias.