fonte: CREMERJ
O CREMERJ promoveu nessa quinta-feira, 8, reunião do Comando Unificado de Saúde para debater ações pelo fim do desmonte dos hospitais municipais, estaduais e federais do Rio de Janeiro. Foi deliberada a publicação de uma carta aberta para mobilizar a população e sensibilizar as autoridades sobre o caos que está a saúde pública no Estado, além de outras ações como manifestações e a reativação do grupo de trabalho com a participação de todos os conselhos estaduais de Saúde.
O presidente do CREMERJ, Nelson Nahon, abriu o encontro dando um panorama geral da crise que atinge os hospitais, assim como as ações que o Conselho vem desenvolvendo para cobrar melhorias das autoridades. Entre elas foram citadas o encontro com representantes do Núcleo Estadual no Rio de Janeiro (Nerj) do Ministério da Saúde e a entrega de um dossiê ao ministro da Saúde, Ricardo Barros, com vistorias recentes feitas pelo CRM nos hospitais federais, comprovando de forma técnica os problemas da rede.
Nahon ainda falou sobre a importância da união dos conselhos de Saúde e de entidades como forma de fortalecer o movimento. “Temos que envolver a sociedade e todas as entidades para exigir uma mudança nessa situação caótica que se encontra a saúde pública do Rio de Janeiro. A união de esforços dará força ao movimento e mostrará que não aceitamos esse desmonte dos hospitais federais e estaduais”, declarou.
O diretor do Conselho Federal de Medicina (CFM) Sidnei Ferreira lembrou que a situação atual dos hospitais federais é o reflexo da política de desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS), que já vem sendo promovida há anos. Um exemplo claro, apontado pelo conselheiro, é a redução 23 mil leitos do SUS entre 2010 e 2015. Só no Rio de Janeiro, por exemplo, pouco mais de sete mil leitos foram desativados nos últimos sete anos.
Durante o encontro, os representantes das entidades relataram as dificuldades enfrentadas por seus profissionais nas unidades e as medidas tomadas para atenuar os problemas, além de fazer propostas de ações. O residente e integrante da diretoria da Associação dos Médicos Residentes do Estado do Rio de Janeiro (Amererj) Francisco Coelho disse que a situação precária dos hospitais têm comprometido a formação de uma geração de profissionais de Saúde. Ele destacou que o desmonte das unidades é um sinal claro da intenção de repassar a gestão das unidades para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
“Estão vendendo um modelo de gestão que só funciona bem no papel. Todos sabem disso. E para conseguirem isso estão comprometendo a formação de centenas de profissionais. É triste ver que vou terminar minha residência sem poder treinar de maneira mais ampla e como gostaria”, desabafou Francisco.
Diante de todos os relatos, os presentes deliberaram uma série de ações: criar um comitê com todos os conselhos de Saúde do Rio, publicar uma carta aberta à população, realizar novas manifestações e enviar um dossiê para o Conselho Nacional de Saúde com as informações sobre o desmonte das unidades. Um novo encontro entre as entidades foi marcado para o dia 29 de junho, às 14h.
Também participaram do encontro representantes da Fiocruz, do Conselho Municipal de Saúde, do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ), do Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ), do Conselho Regional de Nutrição (CRN) e do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ). Os conselheiros Erika Reis, Gil Simões, Aloísio Tibiriçá e Armindo Fernando da Costa também compareceram.