fonte: Extra

Cinquenta pacientes com câncer de mama aguardam cirurgia para remoção do tumor, no Hospital Federal do Andaraí, na Zona Norte do Rio, e a demora para a realização dos preocedimentos tende a aumentar, de acordo com a Comissão Externa da Câmara dos Deputados. Em inspeção realizada, nesta segunda-feira, deputados e representantes do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) e do Conselho Regional de Enfermagem (Coren) verificaram que a unidade perdeu um mastologista recentemente e outros dois sairão em breve. Eles estão com o contrato temporário prestes a terminar. Com isso, restará em apenas um médico especializado para cuidar de todas as pacientes do setor.

Segundo a comissão, a falta de profissionais no Andaraí impacta todos os setores. Uma enfermaria inteira do setor de cardiologia está fechada por falta de profissionais. O grupo verificou que, a cada cem contratos encerrados, apenas cinco profissionais são repostos.

Participam da Comissão Externa da Câmara dos Deputados os deputados Jandira Feghali (PCdoB/RJ), Chico D’Angelo (PT/RJ), Celso Pansera (PMDB/RJ) e Rosangela Gomes (PRB/RJ). O grupo foi criado na última semana para fiscalizar os hospitais federais no Rio e já vistoriou as unidades Cardoso Fontes e Bonsucesso.

— Assim como nesses dois hospitais em que estivemos anteriormente, também aqui (no Andaraí) a questão aguda é a perda de profissionais pelo término dos contratos temporários. com a União. Os médicos estatutário também são minoria aqui. A enfermagem está sendo contratada por medida judicial e, mesmo assim, não estão cumprindo adequadamente. No Bonsucesso, mesmo com liminar, não estão cumprindo a contratação temporária — relatou Jandira Feghali. — É muito grave o que está acontecendo. Ao que parece, o objetivo é desmontar os serviços públicos. A última cirurgia bariátrica foi realizada em 25 de abril. Ou seja, parou de fazer.

Emergência é reaberta

Na manhã desta segunda-feira, a emergência da unidade foi reaberta. O setor estava fechado, segundo a comisssão, desde o início de junho, devido a problemas na rede elétrica. O grupo verificou, no entanto, que esses problemas persistem, assim como a falta de materiais básicos para o atendimento.

Segundo o Ministério da Saúde, o Andaraí ficou com o atendimento restrito, por precaução, no dia 9 de junho, depois que foi verificada fumaça em parte das tomadas. Apenas os casos de extrema gravidade passaram a ser recebidos nas enfermarias do hospital.

Dos 39.940 atendimentos de emergência no primeiro quadrimestre do ano na rede de seis hospitais do ministério, o Andaraí respondeu por 57% do total — o equivalente a 22.860 dos casos. No período, o aumento dos atendimentos de emergência foi de 13% em relação a igual período de 2016, em apoio a unidades municipais e estaduais do Rio.

A diretora do hospital, Maria Lúcia Feitosa, disse que a reabertura ocorre após a vistoria do Corpo de Bombeiros:

— Por medida de segurança, tomamos a decisão de reabrir integralmente só depois da visita do Corpo de Bombeiros e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia/RJ à emergência — explicou Maria Lúcia.

Mesmo com atendimento emergencial restrito, a direção da unidade afirma que o hospital recebeu nas últimas semanas casos de enfarte, traumas e fraturas, mas direto nas respectivas enfermarias médicas, não no setor de emergência.

Em 20 dias, Andaraí perdeu 78 médicos

No último dia 13, o Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) do Ministério da Saúde no Rio, divulgou que o Hospital do Andaraí tinha 599 médicos. Nesta segunda-feira, esse número caiu para 521. Em 20 dias, a unidade perdeu 78 médicos.

O ministério informou que o Andaraí está inserido no plano de reestruturação da rede federal no Rio divulgado na semana passada. Segundo o governo federal, o objetivo é aumentar em 20% o atendimento especializado em oncologia, cardiologia e ortopedia, as maiores demandas da rede hospitalar federal no Rio.

“No primeiro quadrimestre, o Andaraí também aumentou em 11% as consultas ambulatoriais, chegando a 22.489, e em 9% as cirurgias de média e alta complexidade (totalizando 1.711), em comparação com o mesmo período do ano passado”, afirmou o DGH.

De acordo com o ministério, o estoque de medicamentos, inclusive os oncológicos, de insumos e de materiais hospitalares está regular no Andaraí. Em nota, afirmou ainda que, até o mês de maio, 216 profissionais tiveram encerrados os seus contratos, mas a rede recebeu 203 novos contratados, com reposição de 94%.

Hospital de Bonsucesso passa mais uma segunda-feira sem clínicos na emergência

Vistoriado pela comissão no último domingo, o Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) contava com apenas um clínico da emergência. O profissional se desdobrava para atender cerca de 50 pessoas que estavam internadas no setor. Nesta segunda-feira, como aconteceu nas últimas quatro semanas, apenas o clínico do plantão geral, responsável por cerca de 300 leitos nas enfermarias do prédio vizinho à emergência, estava de plantão para socorrer pacientes mais graves. Na madrugada do dia 5 de junho, uma paciente internada na sala vermelha morreu sem socorro médico. Pela manhã, o clínico que chegou para o plantão geral atestou o óbito e os aparelhos que estavam ligados à mulher foram retirados.

O Ministério da Saúde não se manifestou sobre a falta de clínicos na emergência do HFB.

Confira a nota do Ministério da Saúde na íntegra:

“O Ministério da Saúde informa que a reestruturação dos hospitais federais do Rio de Janeiro, que prevê a especialização das unidades em determinas áreas de atuação, concentrando recursos, insumos e profissionais, visa ampliar e qualificar os serviços prestados à população. A meta é aumentar em 20% o atendimento especializado em oncologia, ortopedia e cardiologia.

Os esforços já realizados desde janeiro deste ano já impactaram na redução da fila para cirurgias nos seis hospitais do Ministério da Saúde, de 17 mil para 10,8 mil procedimentos. Ou seja, a espera cirúrgica hoje corresponde a 60% do que havia em janeiro deste ano.

O Ministério da Saúde ampliou também o controle da assiduidade dos servidores. Desde abril, o pagamento das horas trabalhadas é feito conforme as informações do ponto biométrico, que passou a ser obrigatório. Atualmente, são contratados, em média, 2 mil temporários a cada ano para repor os contratos que vão vencendo.

Cabe ressaltar que o Ministério da Saúde garante recurso crescente às unidades. Entre 2015 e 2016, houve aumento de 7% dos valores repassados aos hospitais federais do Rio, totalizando R$ 547,9 milhões ano passado. Para este ano, a previsão é de um crescimento de 22%, ultrapassando R$ 673,8 milhões. Esses são valores exclusivos para o custeio e investimento nos serviços. Somando o pagamento de pessoal, os recursos destinados ano passado às seis unidades ultrapassa R$ 1,5 bilhão.

O Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde (DGH) informa que o Ministério da Saúde dispõe de 21 mil servidores lotados nas suas unidades no Rio de Janeiro – seis hospitais e três institutos federais –, sendo 4.935 médicos. Somente o Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) dispõe de 892 médicos, sendo 94 lotados na Divisão de Emergência da unidade. A escala dos profissionais de plantão encontra-se em local visível, seguindo determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).

Sobre o Hospital Federal do Andaraí, o DGH informa que, atualmente, o quadro funcional da unidade conta com 2.495 servidores, sendo 521 médicos, o que permite realizar integralmente os serviços ofertados à população. O estoque de medicamentos, inclusive os oncológicos, de insumos e de materiais hospitalares está regular.

Na manhã desta segunda-feira (03/07) o setor de Emergência foi reaberto integralmente, após receber o laudo técnico do Corpo de Bombeiros e do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia/RJ). Entre 11h30 e 15h30, foram realizados 46 atendimentos.

No primeiro trimestre deste ano o Hospital Federal do Andaraí (HFA) ampliou em aproximadamente 20% as consultas ambulatoriais e em 15% as cirurgias, em relação ao mesmo período de 2016.

Até o mês de maio de 2017, 216 profissionais tiveram encerrados os seus contratos na rede federal, mas, em contrapartida, a área assistencial da rede recebeu 203 novos contratados – ou seja, uma reposição de 94%.”