fonte: O Globo

Assim como o Salgado Filho, o Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, enfrenta uma grave crise. Além da falta de insumos, profissionais de saúde estão com os salários atrasados. A unidade é gerida por uma organização social.

— Faltam medicamentos, gaze, esparadrapo, ataduras, vários tipos de fios de sutura, papel higiênico e sabão — contou um médico, que pediu para não ser identificado.

Segundo uma enfermeira, também não há dipirona para uso intravenoso no hospital:

— Todo material é racionado, porque está sempre faltando. E nós ainda compramos sabão para lavarmos as mãos.

Nesta quarta-feira, um mapa do centro cirúrgico mostrava que nove operações haviam sido programadas. Mas, às 17h, apenas duas tinham sido realizadas, além de outras duas de emergência.

— Muitos profissionais não estão vindo, porque estamos sem salários. Em setembro, recebemos no fim do mês. Por isso, apenas casos graves estão sendo atendidos. A sala amarela masculina está vazia — contou um enfermeiro.

Vítimas de um acidente de moto, ontem à tarde, Agatha Rodrigues da Silva Barros, de 15 anos, e Nielson Chaves de Araújo da Silva, de 24, foram atendidos. Mas a jovem deixou a emergência com dor no cotovelo e no tornozelo.

— Perguntei ao médico se ele não poderia imobilizar com atadura. Ele disse que não, mas mandou que eu fizesse isso quando chegasse em casa. Um absurdo — queixou-se Agatha.

A emergência, que conta com 30 leitos, costuma ter 90 pacientes internados. Ontem, eram 50 doentes.

— Estou com uma dor terrível na cabeça, mas disseram que não há médicos para atender e me mandaram procurar outro lugar — disse um paciente.

A organização social Iabas, que administra o Rocha Faria, afirmou que o hospital continua prestando atendimento, apesar do atraso de repasses de R$ 14 milhões por parte da prefeitura.

A Secretaria Municipal de Saúde alega que segue o calendário de repasses estabelecido pela Fazenda e informou que está agendado para 16 de novembro uma transferência de R$ 5 milhões. O órgão informou que já pediu prioridade para o pagamentos de contratos.