fonte: O Globo
A saúde da cidade do Rio nunca esteve tão mal após um período em que nunca esteve tão bem. Em 2016, comemorava-se o alcance da meta de 70% da população coberta por serviço de atenção primária. No Congresso Mundial de Saúde da Família daquele ano, a experiência das Clínicas da Família foi exaltada por gestores do país e do mundo.
Colunista de saúde, Claudia Colucci escreveu, à época, aos futuros prefeitos que “saúde não deve ser usada como moeda para obtenção de apoio político”. Previu o que aconteceria poucos dias após a eleição. A saúde foi entregue ao vereador Carlos Eduardo que nomeou seu irmão para a secretaria. Em muito pouco tempo, ele desestruturou processos administrativos, atrasou pagamentos, desorganizou o orçamento e deixou a pasta por quase seis meses sem subsecretário de gestão. Os atrasos geram multas altíssimas, além de prejudicar a assistência à população. Agora, o vereador denuncia atrasos de salário e falta de medicamentos essenciais, responsabilizando a Fazenda, como se fizesse oposição política.
Como entender a chamada de concursos e o aumento da contratação temporária de profissionais de saúde, nos primeiros três meses de governo, não previstas na Lei Orçamentária Anual, retirando recursos de despesas já comprometidas e de serviços em funcionamento?
É preciso que o nosso prefeito devolva à Secretaria de Saúde um caráter técnico, desvinculado da política partidária, para manter conquistas e fazer o sistema evoluir.
*Edimilson Migowski professor de medicina da UFRJ e presidente do Instituto Vital Brazil