fonte: O Globo

Hospitais, laboratórios e operadoras de planos de saúde estão em condições de atender procedimentos eletivos, disseram ontem dirigentes de associações do setor. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que deixou de cobrar o cumprimento de prazos para consultas, exames e cirurgias para liberar capacidade hospitalar para o atendimento dos pacientes da Covid-19, voltou a exigir a obrigação anteontem. A agência não proibiu os atendimentos eletivos, só deixou de fiscalizar os prazos, o que permitiu a postergação dos tratamentos.

Prestadores de serviço informam que a queda da demanda chegou a até 80% nos serviços de imagem, como tomografia.

“O movimento em laboratórios caiu 70%, isso porque podem atender a domicílio. Em exames de imagem, a queda foi maior. A medida é oportuna, nosso setor foi muito impactado pela crise ” diz Priscila Franklim Martins, diretora da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica.

Os dados de emprego do Ministério da Economia mostram que o setor de saúde fechou duas mil vagas em abril. O BNDES criou linha de capital de giro de R$ 2 bilhões para atender hospitais, outro braço do atendimento que viu a demanda cair, com a suspensão dos atendimentos não emergenciais. Bruno Sobral, superintendente da Confederação Nacional de Saúde, diz que a flexibilização de prazos não deveria ter sido feita de forma geral. Em locais onde a Covid-19 não se espalhou tanto, houve represamento de tratamentos não emergenciais. Ele vê R$ 800 milhões de perda mensal de caixa de hospitais:

“Isso deveria ter sido decidido por região”, diz.

Sobral afirma que os hospitais criaram alas isoladas para os infectados e que não há risco para os pacientes. O temor da contaminação foi fator importante para queda da demanda, dizem os dirigentes. Segundo executivo de uma rede de hospitais, sem acompanhamento, principalmente de doentes crônicos, as pessoas têm chegado ao hospital em situação mais grave.

Marcos Novais, superintendente da Associação Brasileira de Planos de Saúde afirma que já é possível voltar aos atendimentos eletivos, com a diminuição da curva de contágio:

“A medida (de flexibilizar prazos) contribuiu para não termos colapso no sistema privado. Não faltaram leitos de UTI. É lógico que se houver um pico novamente, podemos rever, conforme a própria resolução da ANS previu”.

Segundo Henrique Neves, vice-presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados, a preocupação era que o avanço da doença fosse tão grande que consumisse os recursos dos hospitais:

“O que aconteceu foi diferente. Como diversos locais e regiões fizeram isolamento, aquela visão da Itália não se confirmou. A forma como a pandemia afetou as regiões do país não foi uniforme. Cresceu rapidamente em parte do Nordeste e Norte e mais lentamente no Centro-Oeste e Sul”.