fonte: Anvisa
Embora seja uma descoberta recente, a Covid-19 pode agravar o desenvolvimento de superbactérias resistentes aos atuais tratamentos de infecções. Entenda por que isso acontece nesta matéria da série de textos abaixo:
Pandemia
O novo coronavírus (Sars-CoV-2) provocou uma situação global conhecida como pandemia, caracterizada pela disseminação e ocorrência de uma doença em todos os continentes do planeta. Neste cenário, que levou ao adoecimento de uma boa parte da população e à internação hospitalar de milhares de pacientes em todo o Brasil, muitos deles com quadros graves de infecções pulmonares e outras complicações, existe uma grande preocupação com a automedicação e o uso indevido ou inadequado de medicamentos, especialmente os antimicrobianos.
De acordo com a OMS, o uso indevido de antibióticos durante a pandemia de Covid-19 pode levar à aceleração do surgimento e da disseminação da resistência microbiana. A doença é causada por um vírus (Sars-CoV-2) e não por uma bactéria. Por esse motivo, os antibióticos não devem ser usados para prevenir ou tratar a Covid-19, ou mesmo outras infecções virais, a menos que doenças bacterianas também sejam diagnosticadas.
Mas, segundo a OMS, evidências mostram que apenas uma pequena proporção de pacientes infectados com o novo coronavírus precisa de antibióticos para tratar infecções bacterianas que se desenvolveram no momento de baixa imunidade.
Portanto, assim como ocorre em outras infecções virais, notadamente as gripes e resfriados, prescrições incorretas de antibióticos para tratar os vírus ou até mesmo a automedicação podem favorecer o surgimento acelerado e a disseminação da resistência microbiana, criando superbactérias que não respondem aos tratamentos disponíveis atualmente.
Unidade de terapia intensiva (UTI)
Além disso, a pandemia de Covid-19 acarreta um aumento das internações hospitalares de pacientes graves, principalmente nas unidades de terapia intensiva (UTIs), onde o risco de infecções relacionadas à assistência à saúde (Iras) é ainda maior. Isso ocorre devido à necessidade de um maior número de procedimentos e à utilização de dispositivos invasivos como cateteres e ventilação mecânica, favorecendo a transmissão de microrganismos multirresistentes e o aumento do uso de antimicrobianos.
Medicamentos falsificados na pandemia
A falsificação também pode ser uma forte aliada do aumento da resistência microbiana, assim como os produtos de baixa qualidade, pois não cumprem as funções esperadas de um medicamento. Além de não tratar a doença, esses produtos podem agravar quadros de saúde, aumentar o tempo e o custo de internações, além de causar mortes. Dados da OMS indicam que entre 72 mil e 169 mil crianças morrem anualmente de pneumonia devido a antibióticos falsificados.
De acordo com um relatório organizado pelo Laboratório de Inovação do Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo (InovaHC/USP), a comercialização de medicamentos ilegais se acentuou durante a pandemia de Covid-19. E, neste contexto, os antibióticos ocupam o topo do ranking de apreensões de medicamentos falsificados em alfândegas, correspondendo a 37% do total.
Para mais informações, acesse os links abaixo.
Informações técnicas
- Câmara Técnica de Resistência Microbiana (Catrem)
- Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (2016-2020)
- Plano Nacional para a Prevenção e o Controle da Resistência Microbiana nos Serviços de Saúde
- Diretriz Nacional para Elaboração de Programa de Gerenciamento do Uso de Antimicrobianos em Serviços de Saúde
- Boletins Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde