Rio de Janeiro, 7 de abril de 2021.
Fomos comunicados hoje que um dos nossos associados foi agredido ontem em meio ao seu trabalho, de plantão num hospital público do Rio de Janeiro, pelo Sr. Gabriel Monteiro, um vereador que parece se julgar no direito de agredir profissionais médicos em seu ambiente de trabalho de forma sistemática. O Sr. Gabriel, inclusive, se achou no direito de expor nosso colega, contra sua vontade, num canal público de YouTube.
No afã de fazer publicidade de si mesmo, o vereador Gabriel comete sistematicamente abuso de autoridade e uso abusivo da imagem pública das pessoas – profissionais e pacientes – se escudando em um “dever de fiscalização” pública. Suas atitudes não republicanas e populistas não se escudam, no entanto, em nada mais do que intimidação pura e simples dos profissionais que estão trabalhando e na exposição de pessoas que são vítimas de inúmeros problemas, inclusive causados pela governança inadequada do sistema de saúde do Rio, para a qual também colaboram as atitudes mal direcionadas de vários dos nossos políticos.
Ainda bem que nem todos os políticos são assim. Os há corretos e competentes, em todas as correntes, apesar dos exemplos ruins.
Bem, podemos afirmar que o Sr. Gabriel não tem qualquer noção do funcionamento de uma unidade de saúde.
Vimos, no infeliz filme não autorizado que fez questão de exibir, que lhe parece que um médico cirurgião só está trabalhando se estiver vestido de acordo com o seu estereótipo de médico. Alguém devia lhe dizer que cirurgiões frequentemente trocam de traje toda vez que executam atos cirúrgicos, em especial em crianças recém-nascidas extremamente frágeis e internadas em uma UTI Neonatal. Alguém também poderia informar que o traje não faz o monge. É um ditado bem antigo, afinal. Também seria útil que soubesse que médicos de plantão devem estar disponíveis para o que for necessário. Isso não quer dizer que tenham que estar fazendo algum procedimento num moto perpetuo. Médicos precisam comer, beber água, urinar, até quando estão de plantão. Ou que médicos são humanos e precisam se recuperar depois de um grande esforço de concentração. Tipo operar a veia jugular de uma criança de 900g com risco de morrer.
Ele também não sabe que pacientes precisam de privacidade e de proteção contra infecção. E de tranquilidade, porque gritarias e invasões não fazem bem à saúde de quem está seriamente doente.
Não à toa, está sendo processado pelo CREMERJ. Não à toa, tem histórico de processos disciplinares em sua vida profissional.
Podia aprender. A oportunidade está aí.
A CIPERJ se solidariza inteiramente com o seu profissional. E com o nosso povo, que precisa de muito mais do que gritos, ameaças e fiscais. Precisa de políticos sérios e capazes, que consigam efetivar uma rede de saúde funcional e eficiente. Com profissionais competentes e que possam ser produtivos e trabalhar em paz e em segurança.
Gritaria e violência nunca curaram ninguém. E não intimidam gente séria.
Diretoria da CIPERJ – Associação de Cirurgia Pediátrica do Estado do Rio de Janeiro