Rio de Janeiro, 27 de maio de 2025.
A Associação de Cirurgia Pediátrica do Estado do Rio de Janeiro (CIPERJ) acompanha as mudanças implantadas pelo Ministério da Saúde nos hospitais federais do Rio de Janeiro, iniciadas em novembro de 2024. Desde então, temos visto com associados e colegas de outras especialidades as propostas para as seis unidades. E reparamos algo em comum em todos os hospitais: a falta de diálogo.
Nenhum médico ou profissional da saúde é contra mudanças no funcionamento das unidades de saúde desde que essas melhorem o atendimento dos pacientes. Porém, estas mudanças não deveriam ser impostas. É preciso diálogo para que os pacientes, seus tratamentos e atendimentos não corram riscos. Não adianta abrir três emergências que se dizem de porta aberta, porém na maioria dos casos só recebem pacientes regulados pelo SisReg. Da mesma forma que não adianta querer aumentar o número de consultas e procedimentos sem que haja melhorias na infraestrutura e contratação de profissionais para suprir essa demanda.
Os gestores não podem fechar os olhos às pessoas que ao longo dos últimos anos, quiçá décadas, vêm atendendo pacientes tendo que lidar com falta de medicamentos, de material cirúrgico, de profissionais, de infraestrutura e que sabem os problemas principais das unidades.
Não podem fechar os olhos também para o que será feito de pacientes em tratamento. Há hospitais que passarão a não contar mais com determinadas especialidades médicas e os pacientes ali tratados voltarão para onde? O SisReg. Voltarão para a fila de atendimento e terão seus tratamentos interrompidos.
E para onde irão os médicos e profissionais de saúde que trabalham nesses hospitais que não contarão mais com sua especialidade médica? Não há resposta. Há apenas indefinições e incertezas. Não há um plano apresentado com cronograma das ações a serem realizadas, há apenas a implantação das ações de forma súbita.
O que se pede é apenas diálogo e planejamento. Não pode se sair atropelando a tudo e todos porque querem ou precisam melhorar os números dos hospitais, sem ter condições para isso. Mexer com Saúde envolve muita responsabilidade. Tratamos das vidas de pessoas e famílias.
Assim como já foi feito pelo Conselho Federal de Medicina e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, a CIPERJ pede que haja um debate com a participação de representantes da sociedade civil, das entidades médicas, dos usuários e de outros atores institucionais com o Ministério da Saúde. Todos querem o fortalecimento da rede pública de saúde, porém as ações até aqui tomadas não fortalecem, apenas fragilizam o SUS.
Juntos somos mais fortes.
DIRETORIA DA CIPERJ