fonte: Deutsche Welle
Um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que jovens em todo o mundo praticam atividades físicas em níveis bem menores do que o ideal.
Segundo a OMS, 81% dos adolescentes não se movimentam de maneira suficiente. Eles praticam menos de uma hora por dia de atividades físicas, o que pode acarretar sérios danos à saúde. Chama a atenção o fato de que o problema é maior entre as meninas.
No Brasil, essa taxa é de 83,6%, ou seja, maior que a média mundial.
O relatório, publicado pela revista científica The Lancet Child & Adolescent Health Journal se baseia em pesquisas realizadas entre 2001 e 2016 com mais de 1,6 milhão de estudantes de idades entre 11 e 17 anos em 146 países. Entre eles, 81% não se enquadravam na recomendação da OMS de exercer ao menos uma hora diária de atividades físicas como caminhadas, jogos, andar de bicicleta e práticas esportivas em geral.
Apesar de metas globais ambiciosas para aumentar as atividades físicas entre os jovens, o relatório afirma que não houve mudanças no período de 15 anos avaliado no levantamento.
A OMS não especificou os motivos da inatividade entre os jovens, mas a coautora do estudo Leanne Riley observou que “a revolução eletrônica […] parece ter transformado os padrões de movimentação dos adolescentes e os encorajado a passar mais tempo sentados e serem menos ativos”. Muitas vezes, a falta de infraestrutura e de segurança dificulta que os jovens possam caminhar ou utilizar bicicletas para ir à escola.
O estudo revela que os níveis de inatividade física se mantiveram no patamar mais alto entre os adolescentes de diversas regiões e países, variando de 66% em Bangladesh para 94% na Coreia do Sul. “Encontramos níveis altos em praticamente toda parte”, disse a autora principal do estudo, Regina Guthold. Ela afirma que em muitos países, entre 80% e 90% dos adolescentes não se enquadram nas recomendações da OMS.
A questão é ainda mais preocupante no que diz respeito às meninas. Apenas 15% delas estão dentro das recomendações da OMS, contra 22% dos meninos. As jovens são mais ativas em apenas quatro países avaliados: Afeganistão, Samoa, Tonga e Zâmbia.
Enquanto a situação dos meninos apresentou leve melhora entre 2001 e 2016, com os índices de inatividade caindo de 80% para 78%, o percentual entre as meninas se manteve em 85%. Em muitos países, as disparidades de gênero parecem estar ligadas a pressões culturais para que as jovens permaneçam em casa ou evitem práticas esportivas, além de preocupações com a segurança em ambientes externos.
Isso, porém, não explicaria o motivo pelo qual a maior disparidade entre os gêneros foi registrada nos Estados Unidos e na Irlanda, países onde a diferença entre os níveis de atividade de meninos e meninas é de mais de 15%.
As atividades físicas trazem enormes benefícios à saúde, como melhoras nas condições cardíacas e respiratórias e nas funções cognitivas, facilitando o aprendizado. Além disso, os exercícios são fundamentais no combate à epidemia sistêmica de obesidade.
A OMS estabeleceu como meta a redução da inatividade dos jovens entre os jovens de 11 a 17 anos em 70% até 2030. “Precisamos certamente fazer mais ou veremos um quadro bastante negativo em relação à saúde dos adolescentes”, afirmou Leanne Riley.